Análise e Opinião

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Carta aos Investidores – Outubro 2021

Por
Thiago Goulart

O mês de setembro terminou nesta quinta-feira (30) e o índice Ibovespa fechou em queda de -0,1%. No acumulado do mês (ver gráfico abaixo), o Ibovespa teve perdas de -6,6% – o pior mês desde março de 2020 quando o índice recuou quase -30% por conta da crise da pandemia. Enquanto isso, o dólar registrou uma alta de +0,3%, a R$ 5,45 ontem, e, no acumulado do mês, a moeda americana valorizou +5,3% frente ao real.

As taxas futuras de juros, que iniciaram a sessão de ontem em movimento de queda, fecharam em alta, após falas do presidente Banco Central, Roberto Campos Neto, sugerindo Selic terminal mais elevada que expectativas de mercado e em meio à alta das Treasuries norte-americanas e preocupações com o cenário fiscal. DI jan/22 fechou em 7,185%; DI jan/24 foi para 9,895%; DI jan/26 encerrou em 10,45%; e DI jan/28 fechou em 10,78%.

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Fonte: B3.

O que Ludwig van Beethoven pode nos ensinar

Este ano comemora-se o marco dos 250 anos de nascimento de Ludwig van Beethoven. Vamos ver o que Beethoven pode nos ajudar a refletir.

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Beethoven assumiu, ainda muito jovem, um importante papel no sustento da família. Na vida adulta, teve diversas doenças e passou por uma das maiores provações que um músico pode sofrer: a surdez. Mesmo assim, continuou compondo e, no final de sua vida, sem poder ouvir nenhuma nota musical, compôs uma das suas maiores obras, a Sinfonia nº 9 . O último movimento da sinfonia, chamado de “Ode à Alegria”, se tornou o hino da União Europeia.

Segundo a biografia “Beethoven: angústia e triunfo”, escrita por Jan Swafford, o compositor honrou durante toda sua vida uma frase de sua mãe, Maria Magdalena Keverich:

“Sem sofrimento não há luta, sem luta não há vitória e sem vitória não há coroa”.

A vida de Beethoven retrata a vitória sobre a adversidade e é um ótimo retrato do que viemos enfrentando e vencendo nos últimos tempos.

Desenvolvemos várias vacinas ao mesmo tempo e em tempo recorde. Além disso, passamos a consumir de outra forma graças ao comércio eletrônico, trazendo enormes ganhos na logística das empresas, frutos que deixarão o mundo ainda mais eficiente. Essas são apenas as partes visíveis das mudanças e conquistas que temos protagonizado. Em uma camada mais profunda, podemos notar que tecnologias já existentes, que vinham se desenvolvendo de forma muito rápida, se aceleraram ainda mais.

As mudanças também têm sido estruturais nas relações sociais e com o meio ambiente. Vimos uma valorização da família, dos verdadeiros amigos e das relações profundas. Juntos, estamos vencendo este momento delicado e desafiador. No futuro, quando olharmos para trás, reconheceremos em nós a coroa citada pela mãe de Beethoven.

Convido você a reservar um momento tranquilo e escutar a belíssima Nona Sinfonia de Beethoven, alguém que, como nós, triunfou sobre as adversidades da vida.

Maiores altas e maiores baixas da bolsa

Enquanto entre as baixas, empresas varejistas com exposição ao e-commerce dominaram a lista entre as 5 maiores perdas do benchmark da Bolsa – ainda que ações de Vale (VALE3) e siderúrgicas tenham sido fortemente afetadas pela queda do minério de ferro -, as ações de frigoríficos dominaram entre as maiores altas do índice. Além de frigoríficos, figurou entre as maiores as ações da PetroRio (PRIO3).

Confira as maiores baixas do Ibovespa em setembro: 

Empresa Ticker Cotação Variação
Banco Inter (unit) BIDI11 R$ 46,65 -31,18%
Banco Inter (PN) BIDI4 R$ 15,68 -28,56%
Via VIIA3 R$ 7,71 -25,79%
Americanas AMER3 R$ 30,92 -25,24%
Magazine Luiza MGLU3 R$ 14,34 -21,38%

Confira as maiores altas do Ibovespa em setembro: 

Empresa Ticker Cotação Variação
Marfrig MRFG3 R$ 25,66 +33,36%
PetroRio PRIO3 R$ 25,02 +30,52%
Minerva BEEF3 R$ 10,45 +25,00%
JBS JBSS3 R$ 37,07 +18,93%
BRF BRFS3 R$ 27,09 +15,67%

O que esperar da bolsa no mês de outubro?

Romero Oliveira, especialista em operações da mesa de renda variável da Valor Investimentos, trouxe uma análise completa dos movimentos da bolsa e dos principais ativos para você compreender ainda mais o mercado acionário.

Xadrez político e os próximos lances

A semana (27/9 – 1/10) foi marcada pelos 1.000 dias do governo Bolsonaro. O mercado está de olho em duas discussões que tangem políticas públicas de transferência de renda.

  1. A primeira delas refere-se ao Auxílio Brasil que visa ser a sucessora do Bolsa Família. Neste caso, o governo possui duas necessidades para a sua implementação. Por um lado, deseja conseguir espaço no Teto de Gastos. Isso seria obtido por meio dos avanços na PEC dos Precatórios; por outro lado, diante da Proposta de Reforma do Imposto de Renda levaria as receitas necessárias para o custeio desse aumento no programa de transferência de renda.
  2. A segunda discussão trata-se da prorrogação do Auxílio Emergencial, já que há pressões para que ele se mantenha, apesar do Auxílio Brasil, via créditos extraordinários, sem contar com o Teto de Gastos.

Contextualizando

Com uma série de impasses envolvendo a reformulação e ampliação do Programa Bolsa Família – que culminaria no Auxílio Brasil –, o governo federal estuda prorrogar o pagamento do auxílio emergencial até abril de 2022. O Planalto começou a discutir o tema após perceber que o ritmo de tramitação da reforma do Imposto de Renda e da Medida Provisória que cria o Auxílio Brasil pode vir a ser mais lento que o necessário para iniciar os pagamentos do programa já no início de 2022. Há, ainda, a questão dos precatórios em aberto, que deixa turvo o cenário para o orçamento do ano que vem. Por mais que a tendência seja de aprovação da PEC dos Precatórios, ela só deve ocorrer no último bimestre deste ano.

Foram abordados sete temas da pauta política na live “De frente com o especialista”, com o analista da XP Investimentos, Paulo Gama, e o editor da VAI Investir, Thiago Goulart.

  1. Auxílio Brasil
    1.1 PEC dos Precatórios
    1.2 Proposta de Reforma do Imposto de Renda
  2. Prorrogação do Auxílio Emergencial
  3. Reforma Administrativa
  4. Projeto de Lei ao Setor de Varejo (ICMS)
  5. Caminhos para desestatização
  6. Eletrobras e Correios
  7. BC – Relatório Trimestral de Inflação

Banco Central refaz as contas

Como acontece no fim de cada trimestre, o Banco Central (BC) divulgou nesta quinta-feira (30) o Relatório Trimestral da Inflação (RTI). É o trabalho de maior fôlego do BC, tratando do cenário para a inflação e os juros. Nele, o BC considera os riscos de a variação dos preços, para cima ou para baixo, sair do gabarito das metas de inflação. Nesta edição, o BC mostra estar preocupado com dois impactos, o da crise hídrica e o da alta dos preços da energia e dos alimentos nos índices.

Aspas do RTI

“A elevada inflação ao consumidor continua se revelando persistente. Com as sucessivas surpresas, a inflação acumulada em 12 meses subiu de 8,06% em maio para 9,68% em agosto, superando amplamente a meta de inflação de 3,75 % para o ano calendário de 2021.”

Conclusão

O RTI mostra um cenário mais adverso para a inflação à frente, o que deve obrigar os investidores a refazer as contas para 2022. Com apenas um trimestre restante neste ano, o cenário para 2021 está praticamente dado, salvo alguma grande surpresa. Agora, é refazer as contas e se preparar para o ano que vem.

Copom eleva a Selic para 6,25%

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Fonte: Banco Central.

O Copom (Comitê de Política Monetária) voltou a elevar a taxa Selic (juros básicos) pela quinta vez consecutiva em 1 ponto percentual, para 6,25% ao ano. Com isso, os juros retornaram ao patamar anterior à pandemia. Em regra, pelo lado dos investimentos, quando a Selic aumenta, a classe de ativos que compõem a renda fixa ganha maior atratividade, principalmente papeis pós-fixados atrelados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário).

Por outro lado, apesar do Copom ter elevado a taxa básica de juros, alguns analistas têm afirmado que o ambiente ainda continua favorável aos investimentos em renda variável, já que a inflação está acelerada.

A depender do perfil de cada investidor, talvez seja um bom momento para rebalancear a carteira de investimentos, uma vez que o mercado ainda está fortemente ancorado na expectativa de um aquecimento da economia no segundo semestre com a aceleração das vacinas contra a Covid-19 e a conciliação dos Precatórios.

Quer ler a análise completa dos novos rendimentos das aplicações financeiras? Então leia: Copom eleva a Selic para 6,25%. Como ficam os investimentos?

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Um abraço,
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