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Cautela externa e queda de commodities puxa leve realização de lucros do Ibovespa

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Estadão Conteúdos

O recrudescimento das preocupações geopolíticas por conta da crise entre Rússia e Ucrânia gera cautela nos mercados internacionais, atingindo principalmente os índices futuros de ações de Nova York para baixo e o dólar para cima, estimulando um movimento de realização de lucros no Ibovespa. Vindo de uma série de sete altas seguidas, o índice Bovespa ainda é penalizado pelo recuo das commodities.

“Investidores ainda buscam o que há de mais concreto e real nas tensões entre a Rússia e a Ucrânia. Há muita desinformação sobre isso”, observa em comentário a clientes e à imprensa o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira.

Há instantes, o presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen afirmou que a autoridade da União Europeia (UE) ainda não viu sinais de desescalação da atividade militar da Rússia na fronteira com a Ucrânia, reiterando alertas de autoridades dos Estados Unidos, Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da própria Ucrânia.

Após cair quase 2%, de olho nas tensões geopolíticas e em avanço nas negociações sobre o acordo nuclear com o Irã, o petróleo diminuiu há instantes o ritmo de queda, com as ações da Petrobras testando alta. O minério de ferro, por sua vez, caiu 6,39% no porto chinês de Qingdao (referência para o mercado, a US$ 130,12 a tonelada), pelo quarto pregão consecutivo, em meio a medidas da China para conter especulações dos preços. Os papéis da Vale cedem em torno de 1,80%, afetando as ações do segmento no Ibovespa.

Na quarta, o índice Bovespa fechou em alta de 0,31%, aos 115.180,95 pontos, em meio à queda do dólar ante o real para R$ 5,1279, após interpretação de muitos especialistas de um tom menos duro pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) em sua ata de política monetária. O entendimento é de que o Fed deve mesmo começar a subir o juro americano em março, em 0,25 pontos porcentual, e não a um ritmo não tão agressivo. Agora, os investidores esperam dados de auxílio-desemprego semanal dos EUA e dados de moradias, além de discursos de membros do Fed e do Banco Central Europeu (BCE).

Na avaliação de Bandeira, do Modal, certamente há espaço para realização de lucros de curto prazo do Ibovespa. “Mas seria bom não perder o patamar conquistado de 115 mil pontos, ou pelo menos não nos afastarmos tanto disso”, pondera. Vale lembrar que o nível do fechamento do índice Bovespa na quarta-feira já superara o melhor patamar visto até então, que era o de 115.061,97 pontos (16/9/2021).

Entre os balanços internos, destaque para o crescimento no lucro líquido da EDP Brasil e da Totvs. Já a Embraer anunciou parceria com Widerøe e Rolls-Royce a fim de estudar uma aeronave regional conceitual com emissão zero.

Às 10h48, as ações da EDP Brasil subiam 2,95%, após a empresa informar crescimento em seu lucro no quarto trimestre. O presidente da empresa, João Marques da Cruz, disse há pouco que até 2025 a EDP Brasil quer crescer R$ 1,2 bilhão em capex na distribuição. Também reiterou plano de adquirir ativos de transmissão no mercado secundário e leilões. Já os papéis da Totvs subiam 4,12% e os da Embraer cediam 0,40%.

O Ibovespa cedia 0,23%, aos 114.889,48 pontos, ante mínima diária aos 114.673,97 pontos (-0,44%) e máxima aos 115.214,29 pontos (alta de 0,03%).

Em tempo: devem ficar no radar dos investidores as falas do presidente Jair Bolsonaro: uma sobre possibilidade de reajuste salarial a policiais, e outra tecendo críticas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Hoje, em Budapeste, Bolsonaro chamou o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, líder nacionalista de extrema-direita, de “irmão”, e destacou a comunhão de valores entre seu governo e o do país europeu.