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Juros curtos sobem com IPCA-15; sessão estendida é marcada por máximas ante Fed

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Estadão Conteúdos

A surpresa com o IPCA-15 de janeiro, tanto no índice quanto em sua difusão provocou, nos juros futuros, uma cristalização das apostas de alta de 1,50 ponto porcentual da Selic na semana que vem e fez o mercado trabalhar com uma taxa terminal mais próxima de 12,25%. Com isso, a curva acumulou prêmios na parte curta, mas teve queda dos intermediários adiante. A queda nos contratos mais longos durante a sessão regular também refletiu o conjunto de informações do Tesouro Nacional, que divulgou o Relatório Mensal da Dívida e o Plano Anual de Financiamento, com destaque ao robusto colchão de liquidez do País.

No intervalo entre as sessões regular e estendida, o Federal Reserve divulgou sua decisão de política monetária e, durante a coletiva de imprensa do presidente da instituição, Jerome Powell, as taxas todas saltaram às máximas, dado o discurso ‘hawkish’ dele.

O IBGE informou, logo na abertura dos negócios, os dados do IPCA-15 de janeiro, com surpresas amargas. O índice desacelerou menos do que o projetado pelo mercado, de 0,78% em dezembro a 0,58% em janeiro, bem longe da mediana do mercado (0,45%). O índice de difusão, segundo a ASA Investments, saltou de 68,9% a 74,4%, mostrando a resiliência da inflação doméstica, a despeito de a percepção do mercado não ter sido esta até terça mesmo.

Assim, diversas instituições reviram suas projeções de inflação, prevendo ainda um cenário amargo para os preços ao longo do ano.

Nos DIs curtíssimos, a aposta de elevação da Selic em 1,50 ponto porcentual se tornou unânime. Com base nos dados do ajuste, a curva apontava chance de 78% da Selic encerrar 2022 em 12,25%, contra 22% em 12,00%. Mas com o avanço das taxas na estendida, a aposta passou a ser de 94% em 12,25% e 6% em 12,50%.

No princípio da tarde, novo volume de informações veio a impactar o mercado de juros, desta vez os contratos médios e longos. Inicialmente a reação foi tímida, mas o discurso da autoridade quanto à tranquilidade na colocação da dívida em 2022 fez as taxas marcarem mínimas.

O Tesouro informou que a Dívida Pública Federal fechou 2021 em R$ 5,613 trilhões. Em dezembro, houve emissão líquida de R$ 67,91 bilhões, o que ajudou a robustecer o colchão de liquidez, que subiu a R$ 1,185 trilhão.

Mas todo esse cenário nos juros mudou na sessão estendida. Falas de Powell foram consideradas “duras” pelos agentes mundo afora, tanto em termos de política monetária quanto em preocupações com a inflação. Ele admitiu que “se as condições forem apropriadas”, o foco da autoridade monetária está sobre o início da alta de juros em março.

Powell disse ainda que o Fed deve se mover mais rápido na redução do balanço do que no processo monetário pós-crise de 2008, mas que dará informações sobre isso “no tempo apropriado”.

Assim, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 subiu de 11,847% no ajuste de terça-feira para 12,015% (regular) e 12,085% (estendida). O janeiro 2025 foi de 11,033% para 11,04% (regular) e subiu a 11,16% na estendida. O janeiro 2027 recuou de 11,172% a 11,09% (regular) e saltou a 11,235% na estendida.