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Juros: Taxas curtas sobem e longas caem com apostas para Selic e 2º turno da PEC

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Estadão Conteúdos

Os juros futuros fecharam em alta nos vencimentos curtos e em baixa nos longos, numa reação clássica ao aumento da expectativa de aperto na Selic combinado à esperança de que a Câmara vote, e aprove, amanhã em segundo turno a PEC dos Precatórios, o que afastaria o cenário fiscal mais temido pelo mercado – créditos extraordinários e novo estado de calamidade. A trajetória ascendente da ponta curta teve respaldo das novas revisões em alta para o IPCA e Selic na pesquisa Focus e entrevista do diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, admitindo que, se necessário, o aperto da Selic pode ser maior do que o de 1,5 ponto porcentual indicado na ata do Copom. Na precificação da curva, a aposta em elevação da taxa básica em 2 pontos porcentuais na reunião de dezembro já é praticamente consenso.

O contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023, fechou com taxa de 12,21% (regular) e 12,25% (estendida), de 12,055% no ajuste de sexta-feira. A do DI para janeiro de 2025 subiu de 12,126% para 12,16% (regular) e 12,13% (estendida). O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa em 12,02% (regular) e 11,98% (estendida), de 12,093%.

Na primeira parte as taxas chegaram a subir 40 pontos-base em alguns trechos, em reação às revisões na Focus e ameaças à votação da PEC depois que a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, decidiu suspender temporariamente repasses do governo a parlamentares da base aliada por meio do orçamento secreto e que teriam assegurado a aprovação da PEC em primeiro turno. A princípio, o imbróglio poderia emperrar a tramitação, na medida em que um julgamento no plenário virtual vai revisar a ordem liminar amanhã, data em que estava prevista a votação dos destaques e o segundo turno.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), buscou o STF para conversar com o presidente da corte, Luiz Fux, sobre o assunto. Ao Broadcast Político, Lira disse não acreditar em paralisação da votação em função da liminar de Weber. “Os poderes se respeitam e sabem das suas atribuições e competências”, disse. Foi a senha para a inversão da ponta longa que passou a cair.

Ao mesmo tempo, outro incentivo para a curva perder inclinação veio de uma entrevista do diretor do BC, Bruno Serra, ao veículo japonês Nikkei Ásia. Segundo ele, uma nova aceleração do ritmo de alta da taxa Selic não está descartada. “Se for necessário aumentar a taxa em mais de 1,50 ponto porcentual, nós precisaremos fazer isso”, disse Serra, em entrevista concedida na última quinta-feira (4), mas divulgada hoje.

A aceleração no ritmo de aperto está amplamente contemplada na precificação da curva, de alta de 199 pontos-base, ou praticamente 100% de chance de aumento de 2 pontos no Copom de dezembro, segundo cálculo do estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. “Continuamos sem ver quando será o pico da inflação, que era esperado para o meio do ano, mas ainda estamos esperando arrefecer”, disse.

Na pesquisa Focus, a mediana para o IPCA de 2022 subiu de 4,55% para 4,63%, já mais perto do teto de 5% do que do centro (3,5%) da meta de inflação. A mediana de Selic para o fim de 2022 também foi ajustada, passando de 10,25% para 11%.