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Juros: Taxas sobem com aversão ao risco global, dólar e leilão do Tesouro

Por
Estadão Conteúdos

Os juros futuros fecharam em alta nos trechos intermediários e longos, pressionados pela aversão ao risco global decorrente da escalada na crise entre a Rússia e o Ocidente na questão da Ucrânia, o leilão do Tesouro, com oferta de papéis longos maior que as anteriores, e depreciação do câmbio. As taxas curtas ficaram estáveis num dia de agenda e noticiário internos esvaziados.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 12,405% (regular) e 12,38% (estendida), de 12,383% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 11,371% para 11,455% (regular e estendida). O DI para janeiro de 2027 saiu de 11,22% para 11,33% (regular e estendida).

O comportamento das taxas na abertura foi até tranquilo, mas já no meio da manhã passaram a subir com o noticiário em torno da tensão geopolítica no leste europeu. Os Estados Unidos e a Otan afirmaram que a Rússia não retirou parcialmente as tropas da fronteira com a Ucrânia, como havia dito, mas sim elevou suas forças militares na região, na contramão do seu discurso pró-diplomacia. Ainda, teria expulsado o vice-embaixador americano em Moscou. O governo americano voltou a falar em invasão iminente, sentimento que cresceu à tarde com relatos de bombardeios no leste ucraniano. A aversão ao risco se espalhou, puxando para cima a ponta longa.

Outra pressão tomadora veio do Tesouro, elevando fortemente o lote de NTN-F, de 900 mil na semana passada para 2,8 milhões hoje, oferta vendida quase integralmente (2,741 milhões). O risco (DV01) subiu 30% em relação à operação da semana passada, segundo a Renascença DTVM. O Tesouro vendeu ainda 6,850 milhões de LTN.

No Twitter, o especialista em derivativos e professor da FIA, Alexandre Cabral, afirmou que este foi o maior leilão de prefixados de 2022 com volume financeiro de R$ 7,75 bilhões. “Os vencimentos saíram com a maior taxa do ano”, afirmou, destacando ainda que o lote do papel para 2029 saiu com taxas abaixo do consenso.

Os vértices curtos tiveram oscilação bastante limitada pela falta de um gatilho para os negócios. As apostas para a próxima reunião do Copom parecem bem ajustadas para alta de 1 ponto porcentual da atual Selic de 10,75%, com algumas fichas na opção de 1,25. “Não tem como o BC fugir muito do que estabeleceu em seu plano de voo”, afirmou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, alertando, no entanto, que o cenário geopolítico é um risco no horizonte a ser considerado, pelo potencial impacto nos preços do petróleo e, logo, na inflação.