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Na véspera do Copom, Ibovespa cai 2,11%, a 106.419,53 pontos

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Estadão Conteúdos

No maior nível desde 1995 para outubro, elevando o acumulado em 12 meses a 10,34%, a inflação pelo IPCA-15, divulgada nesta terça, tende a colocar pressão extra no BC sobre a decisão de política monetária na quarta, quando se espera movimento ainda mais ‘hawkish’ do Copom para conter a rápida deterioração das expectativas dos agentes econômicos desde o rompimento do compromisso do governo com o teto de gastos para 2022, na semana passada. O consenso inicial, de manutenção nesta quarta-feira do ritmo de 1 ponto porcentual de aumento na Selic, deu lugar a apostas maiores, de 1,25, 1,5 ou mesmo 2 pontos porcentuais, refletindo a inflexão no fiscal que tem preocupado o mercado, afetando também as estimativas de crescimento econômico para o ano que vem, dominado pela agenda eleitoral.

Dessa forma, o Ibovespa descolou desde cedo do dia majoritária e moderadamente positivo no exterior, interrompendo a recuperação parcial ensaiada na segunda-feira, quando fechou em alta de 2,28% após acumular perda acima de 7% na semana anterior.

Nesta terça, encerrou em baixa de 2,11%, aos 106.419,53 pontos, entre mínima de 106.320,60, do começo da tarde, e máxima de 108.713,31 pontos, da abertura. Mais acomodado nesta véspera de Copom, o giro financeiro ficou em R$ 27,4 bilhões. Na semana, o índice ganha apenas 0,12%, ainda cedendo 4,11% no mês – em 2021, as perdas estão em 10,58%.

Assim, até que se tenha mais clareza sobre a direção do macro, fatores como a temporada de balanços do terceiro trimestre, que ganha força nesta semana na B3, tendem a ficar relativamente obscurecidos, apontam analistas.

“A decisão de amanhã e o tom do comunicado do Copom serão fundamentais para a orientação do mercado, em especial para o câmbio, depois de a manutenção da alta de 1 ponto porcentual ter sido endereçada com clareza tanto no comunicado como na última ata”, ambos superados pelos desdobramentos sobre o fiscal na semana passada, em que o ministro da Economia, Paulo Guedes, “perdeu a guerra sobre o teto de gastos”, aponta Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest, escritório ligado ao BTG Pactual.

“Quando não se tem número fica difícil fazer conta, e onde passa boi, passa boiada, independente da justificativa que se encontre. Eventuais notícias positivas acabam em segundo plano neste momento defensivo, em que se opta pela segurança das boas distribuidoras de dividendos e com receita em dólar. Em outros casos, quando se tem algum lucro, a tendência é realizar logo para fazer caixa e esperar momento de maior clareza”, diz a fonte.

Nesta terça, além do IPCA-15, houve também a divulgação do Caged e da arrecadação federal, ambos referentes a setembro: o primeiro, um pouco mais fraco em comparação a agosto; o segundo, a R$ 149,1 bilhões, acima da projeção mediana do mercado, de R$ 147,7 bilhões, e no maior nível para o mês na série histórica iniciada em 1995.

A leitura positiva sobre a arrecadação contribuiu para que o Ibovespa chegasse a limitar um pouco o ajuste negativo, que no início da tarde superava 2% e que voltou a se acentuar na reta final da sessão, em dia moderadamente positivo para o petróleo e também em Nova York, esta em recentes renovações de máximas, vistas mais uma vez neste terça no S&P 500 e também no Dow Jones. “A arrecadação federal ajudou um pouco, mas não tira da cabeça a preocupação com o fiscal”, acrescenta Farto.

Na ponta negativa do Ibovespa nesta terça-feira, destaque para empresas afetadas mais diretamente pela elevação do custo de crédito, como as construtoras (Eztec -7,64%); as que devolvem ganhos recentes em meio à correção da Bolsa, como a Getnet (-7,79%), e aquelas com exposição ao câmbio, especialmente pelo lado de custos, como as companhias aéreas (Azul -8,38%). No lado oposto do índice na sessão, Energias BR (+2,23%), com reação favorável do mercado ao balanço trimestral, seguida por Braskem (+1,78%) e Metalúrgica Gerdau (+1,09%).