Análise e Opinião

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O comportamento do investidor

Por
Flavio Mattedi

Já escrevi há algumas semanas sobre o impacto econômico que sofremos em função da pandemia, da guerra na Ucrânia, assim como problemas estruturais do país. Esses três problemas somados e os desdobramentos gerados por eles, nos colocaram em uma situação de baixo crescimento econômico e inflação elevada.

Ainda considerando esses aspetos como pano de fundo, verificamos também como isso se relaciona com a mudança nos preços dos ativos no ambiente de investimentos financeiros, e como o investidor se comporta diante desse cenário.

Em função da situação descrita, atualmente encontramos oportunidades de investimentos muito atrativas em renda fixa. Como exemplo, cito:

  1. Pós-fixados: ativos atrelados à taxa Selic, hoje com retornos anualizados de aproximadamente 13% aa (CDBs, LFTs, LCIs, LCAs, CRIs, CRAs e Debêntures);
  2. Pré-fixados: ativos com retornos de até 15% ao ano (LTNs, CDBs, LCIs e LCAs);
  3. Juro real: ativos com retornos de até IPCA + 8% ao ano (NTNs, CDBs e Debêntures).

Aqui, começo a explicar como é o comportamento de boa parte dos investidores: em função da atratividade das taxas apresentadas acima, muitos investidores estão migrando seus recursos da renda variável para a renda fixa, sem perceber que esta primeira, apresenta atratividade ainda maior nesse momento.

Veja o quadro abaixo:

indicador preco lucro
Fonte: Bloomberg e XP Investimentos.

O quadro acima mostra que o lucro das empresas do índice Ibovespa está elevado frente ao preço das ações negociadas no mercado. Isso significa que as ações estão baratas, caso a rentabilidade dessas companhias se mantenha parecida nos próximos anos.

Em outras palavras, aparentemente os investidores que estão migrando seus investimentos em ações e/ou fundos de ações, estão aceitando fazer isso a um preço muito abaixo do razoável, isto é, vendendo barato, ou ainda, vendendo “na baixa”.

Na prática, isso significa que existe uma boa chance de que os investimentos em renda variável (índice Ibovespa, fundos de gestão ativa ou boas empresas) apresentem uma rentabilidade ainda maior do que as citadas acima, no segmento de renda fixa.

Essa correlação entre a atratividade da bolsa e da renda fixa, colabora para que parte relevante dos investidores siga o efeito manada, e da mesma maneira voltem a procurar o investimento em bolsa de valores apenas quando a renda fixa estiver novamente pouco atrativa. Esse momento, provavelmente a bolsa não estará mais tão atraente.

Diante do dilema entre manter aplicações ou na bolsa ou na renda fixa, entendo que o ideal é primeiro definir seus objetivos de curto, médio e longo prazos, assim como entender o seu perfil de investidor, e como você se sente com as variações de preços no mercado.

A partir daí, montar uma carteira de investimentos aderente ao perfil e, se possível, contemplando as diversas classes de ativos disponíveis.

Observação: Isso não é recomendação de investimento. Procure um profissional para orientação e sempre respeite o seu perfil de investidor.

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