Notícias

Notícias

Conteúdo sobre política é o maior vetor de desinformação do Facebook no Brasil

Por
Estadão Conteúdos

Documentos internos do Facebook obtidos pelo Estadão mostram que conteúdos políticos são os maiores vetores de desinformação do Brasil, segundo a percepção dos próprios usuários da rede social. O estudo elaborado pela empresa de Mark Zuckerberg tenta mapear quais são as principais categorias de materiais responsáveis por espalhar “desinformação cívica”, termo usado pela empresa para se referir a publicações enganosas relacionadas à política e à democracia.

A revelação está contida nos “Facebook Papers”, um pacote de documentos da empresa liberados para um consórcio internacional de veículos, incluindo Estadão, New York Times, Washington Post, Guardian e Le Monde.

Em estudo revelado em um painel interno da companhia, em julho de 2020, o Facebook mapeou sete tipos de fontes de desinformação cívica que se destacam nas suas plataformas. A intenção era identificar as experiências negativas dos usuários nos serviços. Foram incluídos sete países: Brasil, Colômbia, Indonésia, Índia, Japão, Reino Unido e EUA.

Segundo o documento, os conteúdos de mensagem política foram apontados como vetores de desinformação por 60% no Facebook dos brasileiros entrevistados.

Embora o documento não forneça uma definição clara sobre a que se refere a expressão “mensagem política”, o contexto da pesquisa dá a entender que se trata de mensagens postadas por figuras políticas e seus apoiadores nas redes.

A comparação com outros países deixa claro que o peso das mensagens políticas é uma realidade brasileira. Nos EUA, esse número fica em pouco mais de 30%, por exemplo. Na Índia, um dos principais mercados dos produtos do Facebook no mundo, a marca é de 46%. Apenas a Colômbia possui uma porcentagem maior do que o Brasil em relação à desinformação via mensagens políticas no Facebook: 66%.

A segunda maior marca de alcance em desinformação cívica no País, de acordo com a pesquisa, são artigos em sites, com cerca de 59%. Em seguida, aparecem as categorias piadas (42%), publicidade (32%), contas falsas (25%), fraudes (23%) e mensagens de spam (20%).

Todas as porcentagens foram calculadas de acordo com as respostas dos entrevistados brasileiros – que somaram 5 mil usuários de apps da empresa, ao todo. A fatia desses participantes que efetivamente respondeu sobre o Facebook não foi apresentada.

Foram incluídos também resultados dos outros serviços da empresa: WhatsApp, Instagram e Messenger. Nesses apps, o Brasil se destaca pela grande quantidade de desinformação via artigos em sites, com 60% dos conteúdos percebidos no WhatsApp. Mensagens políticas aparecem na segunda posição, com 50%, e publicidade vem atrás, com 49% dos conteúdos no mensageiro.

A empresa

Sobre o documento que traz a pesquisa sobre a percepção dos brasileiros, o Facebook diz: “Os resultados desta pesquisa não medem a prevalência ou a quantidade de um determinado tipo de conteúdo nos nossos serviços. A pesquisa mostra a percepção das pessoas sobre o conteúdo que elas veem nas nossas plataformas. Essas percepções são importantes, mas dependem de uma série de fatores, incluindo o contexto cultural”.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.