No acumulado em 12 meses até outubro, a inflação para as famílias mais pobres saltou 11,39%, ante 9,32% para os mais ricos. No IPCA agregado, a alta em 12 meses foi de 10,67%. É a maior variação acumulada em um ano desde janeiro de 2016, quando ficou em 10,71%.
Para os mais pobres, o vilão da inflação tem sido os preços associados à Habitação. “Além dos reajustes de 1,2% das tarifas de energia elétrica, de 3,7% do gás de botijão e de 0,9% do aluguel, as altas de 1,1% dos reparos no domicílio e de 0,95% dos artigos de limpeza explicam a pressão”, diz a nota da “Carta de Conjuntura” do Ipea, que detalha os dados.
Os preços dos alimentos, que também se destacam entre as pressões de alta no acumulado em 12 meses, perderam um pouco de força, mas seguem atrapalhando. De um lado, ficaram mais caros itens como batata (16%), do açúcar (6,4%), do café (4,6%) e das aves e ovos (3,2%). De outro, ficaram mais baratos o arroz (-1,4%), o feijão (-1,9%) e as carnes (-0,04%).
Também pesou sobre a inflação dos mais pobres o aumento de 0,91% dos produtos farmacêuticos, “cujo peso é maior na cesta de consumo desse segmento de renda, explica esta aceleração mais expressiva da inflação para as famílias de renda mais baixa”, diz a nota do Ipea.
Já para as famílias mais ricas, a inflação tem vindo dos combustíveis e das passagens aéreas. Em outubro, ficaram mais caros itens como gasolina (3,1%), passagens aéreas (33,9%) e transporte por aplicativo (19,9%). “Deve-se registrar ainda que, além das altas dos grupos alimentação e habitação, o grupo despesas pessoais, influenciado pelo aumento dos serviços ligados à recreação, começa a impactar mais fortemente a inflação desta faixa de renda”, diz a nota do Ipea.
O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda separa em seis faixas de renda as variações de preços medidas pelo IPCA, do IBGE. As faixas vão de um rendimento mensal domiciliar até R$ 1.808,79, na faixa de renda “muito baixa”, até rendimento mensal domiciliar acima de R$ 17.764,49, na faixa de renda classificada como “alta”.