Na avaliação do BCE, há “crescentes vulnerabilidades” nos mercados imobiliários e as valorizações dos ativos financeiros estão “esticadas”. Há ainda desafios potenciais à recuperação e a perspectiva inflacionária é outro risco, aponta, diante de dificuldades nas cadeias globais de produção e do avanço nos preços de energia.
O vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, considera no documento que os riscos de taxas mais elevadas de defaults corporativos e perdas bancárias são agora “significativamente mais baixos que seis meses atrás”. Mas ele nota que os riscos advindos da pandemia “não desapareceram por completo”.
As empresas da zona do euro viram recuperação nos lucros no primeiro semestre de 2021, o que ajudou a manter o nível de insolvência corporativa abaixo dos níveis pré-pandemia, diz o BCE. Houve, porém, alta nesse nível nos setores mais afetados pela covid-19 e ele pode avançar mais, adverte.
O BCE destaca ainda problemas nas cadeias globais de produção e a alta recente em preços de energia, desafios à recuperação econômica e à perspectiva inflacionária. Nesse quadro, o banco central acredita que aumenta o risco de uma correção de preços em parte do setor imobiliário e nos mercados financeiros.
Entidades financeiras não bancárias, como fundos de investimentos, seguradoras e fundos de pensão, continuam a aumentar sua exposição a dívida corporativa com ratings mais baixos e podem enfrentar perda “substancial”, caso as condições do setor corporativo piorem, diz o BCE. “Os fundos de investimento também seguem bastante expostos a riscos de liquidez.”
Ainda para o BCE, as valorizações dos bancos da zona do euro retornaram aos níveis pré-pandemia. As perdas bancárias seguem baixas, embora algumas possam levar tempo para se materializar.
O banco central afirma ainda que políticas macroprudenciais mais estritas podem ajudar a lidar com crescentes vulnerabilidades, sobretudo nos mercados imobiliários de alguns países. O BCE recomenda também a implementação total das reformas de Basileia III no setor financeiro e uma estrutura de política mais estrita para o setor financeiro não bancário.