A despeito das preocupações crescentes desde o fim da semana passada com a nova variante de covid-19, o cenário para o crédito não deve sofrer tanta alteração, afirma ao Broadcast, Breno Costa, diretor executivo da Neurotech. Segundo ele, se houver novas medidas sociais restritivas, sem dúvida, o setor sentirá os impactos. Contudo, ele pondera que o País está muito mais preparado do que quando a pandemia de coronavírus começou.
“Dá para afirmar que o mercado está muito mais preparado em relação ao fim de 2020 e início de 2021. Claro que a segunda onda de coronavírus teve impacto na demanda por crédito, mas foi bem menor do que na primeira vez, quando todo mundo foi pego de surpresa. Depois, houve um preparo para uma jornada digital melhor estabelecida, para se ter fechar negócios por meio desses canais digitais”, afirma Costa, completando que não descarta desaceleração na demanda por crédito caso o Brasil enfrente uma onda parecida com as anteriores.
Setores
Em outubro, conforme o levantamento, o destaque foi o setor serviços, que apresentou expansão de 33% na busca por crédito em outubro no confronto com o mês anterior. “Foi a melhor marca do segmento desde maio, quando a demanda por crédito, no geral, voltou a crescer e não parou mais”, cita a nota.
A procura por crédito também subiu no segmento financeiro, com alta de 7% na comparação com setembro. Em contrapartida, em outubro, o varejo amargou a segunda queda seguida, repetindo a variação negativa de 4% apurada entre agosto e setembro.
De acordo com Costa, o resultado reflete uma tendência da população em priorizar aspectos que fogem do consumo material. “Economicamente, o País ainda passa por dificuldades e a inflação torna grande parte dos produtos muito mais caros. Não é tão diferente com o setor de serviços, por exemplo, mas para uma população que aguentou tanto tempo dentro de casa, sem poder sair, é normal que ela queira gastar mais com lazer, turismo, entre outros pontos, até mesmo para retomar a forma de se relacionar com o mundo externo”, afirma.
As próprias subcategorias do setor varejista reforçam a ideia de maior procura pelo “essencial”, cita a Neurotech. De novo, o interesse em móveis e eletrodomésticos caiu (-17%). A procura por financiamento em lojas de departamento, por sua vez, subiu apenas 5%, enquanto o segmento de supermercados apresentou queda de 1%.
Entretanto, o recuo em supermercados não indica um cenário preocupante. Segundo o executivo da Neurotech, houve crescimento na busca por crédito do setor por três meses consecutivos, sendo que em setembro o interesse dos consumidores em adquirir financiamento para compras nesta categoria subiu 119%. “Podemos considerar essa queda de agora irrisória. Mostra que as pessoas estão priorizando o básico, mas com alguma dificuldade”, explica.
Acumulado
O INDC ainda registrou alta de 10% em outubro ante igual mês de 2020, com o setor de serviços mostrando expansão de 82%. A intenção de gasto do crédito com bancos e instituições financeiras subiu 3%, enquanto a taxa do varejo ficou zerada.