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Após quatro pregões seguidos de queda, dólar sobe 0,24% em dia de giro baixo

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Estadão Conteúdos

Em ambiente de liquidez reduzida, em razão da ausência dos mercados em Nova York pelo feriado nos Estados Unidos, o dólar à vista oscilou entre margens estreitas ao longo da sessão desta segunda-feira, 17, embora tenha mostrado certa instabilidade, com algumas trocas de sinal, sobretudo pela manhã.

Tirando uma pequena alta mais expressiva logo na abertura, quando correu até a máxima de R$ 5,51414 (0,51%), a moeda passou a maior parte do pregão entre R$ 5,51 e R$ 5,52. Na mínima, rompeu pontualmente os R$ 5,50, descendo até 5,4949 (-0,30%).

No fim da sessão, o dólar era cotado a R$ 5,5266, em alta de 0,24%, encerrando uma sequência de quatro pregões seguidos baixa, em que havia se desvalorizado 2,84%.

Já o dólar futuro para fevereiro operou em terreno negativo ao longo de todo o dia e fechou em queda de 0,36%, a R$ 5,53200.

Analistas tem apontado um movimento de venda de dólar futuro por parte de estrangeiros como um dos indutores da baixa recente da moeda americana.

Entre os indicadores locais, o mercado absorveu sem sobressaltos a alta de 1,79% do Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) em janeiro, acima da mediana de Projeções Broadcast (1,55%), e o avanço de 0,69% do IBC-Br em novembro, em linha com o esperado. Ambos chancelam a perspectiva de que o Banco Central mantenha o ritmo de aperto monetário e eleve a taxa Selic em 1,50 ponto em fevereiro, para 10,75% ao ano – o que, em tese, favorece o real.

Segundo operadores, após fechar a semana passada com recuo de 2,10%, aproximando-se do piso de R$ 5,50, era natural que houvesse uma acomodação da taxa de câmbio. Há dúvidas se o real pode experimentar nova rodada de apreciação, dado o risco de o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) ter de adotar uma postura ainda mais dura, o que levaria a alta do dólar no mercado internacional. Isso para não falar das incertezas fiscais domésticas, diante da pressão por reajuste salarial por parte de servidores públicos, que têm paralisação programada para a terça-feira.

Apesar da apreciação recente do real, a economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico, não tem uma visão construtiva para a moeda brasileira neste ano, tendo em vista fatores como fraqueza econômica, perda de credibilidade da política fiscal, risco político e ciclo de alta de juros nos EUA. Ela atribui o desempenho positivo do real na semana passada “muito provavelmente pelo maior interesse dos estrangeiros tanto na Bolsa quanto nos juros”, além da “venda de dólar por estrangeiros nos contratos de derivativos cambiais”.

Em relação aos próximos passos do Fed, Damico, além de uma alta inicial em março, prevê mais outras três em 2022. “Paulatinamente, o mercado se convence de o Fed não está blefando e passa a inserir cada vez mais altas de juros na curva”, afirma, em relatório. “Continuamos acreditando que a nova precificação das Treasuries deve favorecer o dólar e gerar perdas nas moedas de países emergentes.”

O economista-chefe e sócio da JF Trust, Eduardo Velho, não acredita que a tendência de dólar abaixo da linha de R$ 5,57, que vê como suporte para a taxa de câmbio, se sustente nas próximas semanas. Ele ressalta que ainda persistem “ruídos negativos” no ambiente doméstico, com reivindicação de servidores, pressões para correção da tabela do Imposto de Renda e deterioração das previsões de inflação de curto prazo.

Velho ressalta que o boletim Focus trouxe nesta segunda-feira revisão para cima da mediana das expectativas para inflação em 2022 (de 5,03% para 5,09%) e 2023 (de 3,36% para 3,40%). A projeção para a taxa Selic no fim do ano permaneceu em 11,75%. “Nosso cenário é de Selic de 12,25% ou 12,50% no primeiro semestre, com queda para 12% até dezembro”, afirma.

Lá fora, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes – operou a maior parte do dia em leve alta, na casa dos 95,200 pontos. Em relação às divisas emergentes e de países exportadores de commodities, o dólar tinha comportamento misto.

A China divulgou que seu PIB cresceu 8,1% em 2021, em linha com as expectativas, embora tenha havido desaceleração de ritmo no quarto trimestre. O mercado se animou com o corte de juros e injeção de liquidez anunciados pelo Banco do Povo da China, em uma tentativa de manter a economia aquecida. O BC chinês reduziu 2,95% para 2,85% a taxa de empréstimos de médio prazo (MLF) de um ano. Além disso, a autoridade injetou no sistema 700 bilhões de yuans (US$ 110,19 bilhões) via MLF e de 100 bilhões de yuans (US$ 15,74 bilhões) por meio das repos reversas.

Para Velho, da JF Trust, as ações do BC chinês não chegam a ser grande surpresa. Com redução de compulsório e aumento de empréstimos ao sistema financeiro nos últimos meses, diz o economista, o governo chinês já dava sinais de agiria para “evitar uma desaceleração maior do PIB”, sobretudo com os impactos indiretos da crise da incorporadora Evergrande.