A decisão desta quarta-feira, 2, foi a oitava alta consecutiva da Selic, após a taxa chegar à mínima histórica de 2% devido aos primeiros impactos da pandemia de covid-19 sobre a economia. Desde o início do ciclo de aperto monetário atual, em março de 2021, o aumento acumulado é de 8,75 pontos porcentuais, o processo mais forte desde 1999, quando, em meio à crise cambial, o BC elevou a taxa em 20 pontos de uma só vez. Quando o presidente Jair Bolsonaro chegou ao poder, a taxa Selic estava em 6,50%.
O aumento do juro básico da economia reflete em taxas bancárias mais elevadas, embora haja uma defasagem entre a decisão do BC e o encarecimento do crédito (entre seis meses e nove meses). A elevação da taxa de juros também influencia negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos.
Indicado pelo Copom no encontro de dezembro, o movimento desta quarta já era esperado pelo mercado financeiro. Todas as 59 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast previam aumento de 1,50 ponto porcentual da taxa básica de juros, de 9,25% para 10,75%. Para o fim deste ano, a estimativa é que a Selic chegue a 11,75%. Os economistas consultados ainda esperam taxa de 8% no final do ano que vem.
Por trás dessa alta acelerada dos juros está a inflação em patamares muito elevados – a maior parte dos analistas espera que o BC não cumpra o teto da meta de 5% em 2022, pelo segundo ano consecutivo. O cenário com que o Copom precisou lidar na reunião incluiu inflação acima do esperado no IPCA-15 de janeiro e a sinalização do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de que pode começar a subir juros a partir de março.
Juro real
Com os oito últimos aumentos da Selic, o Brasil voltou a ter a maior taxa de juro real (descontada a inflação) do mundo, em uma lista de 40 economias.
Cálculos do site MoneYou e da Infinity Asset Management indicam que o juro real brasileiro está agora em 6,41% ao ano. Na sequência, aparecem Rússia (4,61%) e Colômbia (3,02%). A taxa real média desses 40 países está em -1,27%.