Passados quatro meses, nada ocorreu. A concessionária Transnorte Energia (TNE), formada pela estatal Eletronorte e pela empresa Alupar, culpa o governo federal pela demora. Em carta enviada duas semanas atrás para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), à qual o Estadão teve acesso, a TNE reclama que não consegue entrar na terra indígena Waimiri Atroari, cortada pelo traçado de sua linha, porque não chegou a acordo com os indígenas.
O risco de novo atraso é praticamente inevitável. Em seu acordo com a agência reguladora e o Ministério de Minas e Energia, a empresa afirmou que poderia construir a linha de 720 quilômetros entre Manaus (AM) e Boa Vista em até 36 meses, mas o trecho crítico dentro da terra indígena, de 122 km, preocupa, devido a uma série de restrições para a execução. A empresa reclama que essas regras só foram inseridas pelo Ibama e pela Funai após ter vencido o leilão.
Além disso, o processo de licenciamento ambiental entrou na mira do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MP-TCU). A partir das revelações do Estadão, o procurador Júlio Marcelo de Oliveira concluiu que há irregularidades no processo de licenciamento da obra e pediu adoção de uma medida cautelar para cancelar a licença até que o TCU se manifeste.
A reportagem questionou a TNE sobre o assunto, mas a empresa declarou que não iria comentar. A Funai não se manifestou. O Ministério de Minas e Energia afirmou que, com a Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos (Sepri/ME) e a Funai, “tem buscado o diálogo com a comunidade indígena de maneira a viabilizar o início da implantação do empreendimento o mais breve possível, para reduzir o custo da geração termoelétrica em Roraima”. O Ibama negou atropelo no processo de licenciamento.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.