As vendas no setor de shopping centers devem crescer 13,8% em 2022 na comparação com 2021, alcançando o patamar de R$ 181 bilhões, de acordo com estimativa divulgada nesta quarta-feira, 9, pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce).
“O aumento nas vendas nos shoppings já em operação e a abertura de novos shoppings vai contribuir para uma melhora do setor”, prevê o presidente da Abrasce, Glauco Humai. “Acreditamos que as pessoas vão consumir mais e aumentar o tíquete médio das compras. E o nível de visitas aos shoppings ainda está abaixo do potencial”, complementa.
A Abrasce estima 13 inaugurações neste ano contra apenas cinco no ano passado. Estão previstos cinco novas unidades na Região Sudeste, três no Nordeste, três no Sul e dois no Centro-Oeste.
Do total de 620 empreendimentos em operação, 8% dos shoppings passaram por algum tipo de expansão da área em 2021. Para os próximos anos, 28% pretendem realizar ampliações.
O presidente da Abrasce se diz otimista para 2022, porém com uma boa dose de cautela. Pelo lado positivo, ele considera pouco provável que haja novas restrições para o funcionamento do comércio, já que a vacinação está avançada.
Ele também cita que, embora as vendas gerais do varejo estejam desacelerando, os shoppings costumam ter um desempenho melhor que o comércio de rua.
Outro ponto positivo é que a área desocupada nos shoppings deve cair de 6,1% para uma faixa de 5% a 6%, se aproximando do patamar de 4,2% visto antes da chegada da pandemia (fevereiro de 2020). Há uma demanda saudável de lojistas por espaços nos centros de compra, segundo ele.
Por outro lado, há uma preocupação crescente com os rumos da economia e política. Os níveis alto de juros, inflação e desemprego, somados às incertezas vindas do período eleitoral, devem pressionar o bolso da população e inibir investimentos empresariais.
“O cenário macroeconômica e eleitoral causa cautela. É um otimismo com cautela e com viés de baixa”, diz Humai.
Vendas ainda estão longe do nível pré-pandemia
Mesmo que as vendas nos shoppings subam para R$ 181 bilhões em 2022, o resultado ainda será 6% menor do que os R$ 192 bilhões de 2019, último ano sem a pandemia. Essa conta não embute o efeito da inflação.
O fechamento do comércio fez com que o faturamento do setor em 2020 voltasse para o mesmo nível de 2009 em termos nominais. Por sua vez, a recuperação tem avançado pouco a pouco.
“O impacto da pandemia foi muito grande e isso não se recupera de um ano para o outro. Em 2022 ainda devemos ficar aquém. Talvez em 2023 retornemos ao patamar de 2019”, estima o presidente da Abrasce.
A projeção é uma média, pondera. Há shoppings em grandes centros e zonas turísticas com vendas acima dos níveis pré-pandemia. Já as unidades em bairros de escritórios (com trabalhadores em home office) ou regiões de menor renda per capita têm sofrido mais para recuperar o faturamento.
A explosão de casos de covid e de gripe na virada do ano também trouxe algumas incertezas, mas sem efeitos mais graves. Nesse período, houve lojas que sofreram com o afastamento de funcionários e não conseguiram manter o funcionamento regular.
Segundo Humai, entretanto, esse efeito foi pontual. Cerca de 95% das lojas continuaram funcionaram normalmente, e não houve queda relevante na circulação de pessoas nesse período. “Um ou outro lojista teve mais dificuldade de manter a loja aberta porque ficou sem funcionários. Mas isso foi resolvido caso a caso”, conta.