O aumento do faturamento da indústria deve-se ao crescimento de 1,8% da receita no varejo doméstico e de 18,6% nas vendas externas. As vendas para o mercado interno representam 73,5% do faturamento da indústria e geraram R$ 678,5 bilhões em 2021, segundo a Abia. O aumento doméstico foi puxado pelo setor de food service, que respondeu por 26,3% das vendas locais da indústria em 2021 ante 24,4% em 2020. “Esse incremento foi motivado pelo processo de retomada, com a reabertura dos estabelecimentos, a aceleração da transformação digital e a ampliação do delivery”, disse a entidade no levantamento.
As exportações, que representam 26,5% do faturamento da indústria, cresceram 18,6% e atingiram o patamar recorde de US$ 45,2 bilhões (ou R$ 244,1 bilhões). As vendas externas foram impulsionadas pela retomada da economia mundial combinada com a desvalorização do real ante o dólar – favorável às exportações brasileiras. “O avanço da vacinação e o retorno do setor de serviços contribuíram de forma decisiva para a expansão da produção, com geração positiva de emprego e renda no setor. A demanda por alimentos se manteve crescente no Brasil e no mundo, o que fez com que as empresas mantivessem a produção a todo vapor, e contratando mão de obra”, presidente executivo da Abia, João Dornellas.
Em relação à geração de emprego e renda, a indústria alimentícia criou 21 mil vagas diretas em 2021, 1,2% a mais que em 2020, totalizando 1,72 milhão de empregos diretos.
Desafios – A Abia destacou que a elevação dos preços das commodities agrícolas teve um impacto relevante no custo de produção dos alimentos industrializados no ano passado. Citando dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a Abia apontou que as commodities atingiram o maior patamar dos últimos dez anos em 2021, acumulando alta de 28,1% em relação à média dos preços de 2020. “No mercado interno, as perdas de produção provocadas pela estiagem prolongada em várias regiões produtoras contribuíram para reduzir a disponibilidade interna de café, milho, cana-de-açúcar e leite, elevando os preços médios em, respectivamente, 60,3%; 42,7%; 36,1%; 24,1%”, apontou a entidade.
Segundo a Abia, além da alta das commodities agrícolas, a indústria alimentícia enfrentou aumentos de até 100% no custo de aquisição das embalagens, com restrições na oferta, e de cerca de 43% no custo de energia.