Ele fez a observação comentando que houve uma surpresa positiva relativamente grande na área fiscal no fim de 2021, e que boa parte disso se deu também ao aumento da arrecadação, salientando que houve um aumento do comércio eletrônico no País nos últimos tempos e que esse segmento é um dos que têm mais eficiência em captar receitas.
De qualquer forma, Campos Neto disse que o prêmio de risco fiscal do País continua grande na curva de juros. “O que está sendo mais questionado é sobre o tipo de crescimento estrutural que o Brasil vai ter”, disse, repetindo que, depois do auge da crise gerada pela pandemia, a retomada do País aconteceu em forma de ‘V’. “As projeções de crescimento estrutural têm caído, estamos em 1,5%”, acrescentou.
O presidente do BC enfatizou ainda que o crescimento estrutural alto é o ponto que mais traz investimentos aos países. “O dinheiro global procura países com crescimento estrutural alto e fiscal comportado”, revelou.
Taxa neutra
Campos Neto afirmou ainda que apenas no Brasil e na Rússia os juros básicos da economia já estão acima da taxa neutra, lembrando que o “livro texto” de economia indica que a taxa deve estar acima do nível de equilíbrio para levar a inflação para a meta. “Chile, Colômbia e México têm surpreendo nos últimos tempos, com ações muitas vezes mais (fortes) do que o esperado”, disse.
Ainda sobre o cenário macroeconômico, Campos Neto disse acreditar que começará um movimento de revisões para cima do crescimento em 2022. No último Relatório de Mercado Focus, houve manutenção na previsão mediana para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022, que continuou em 0,30%. Há um mês, a estimativa era de 0,29%. Considerando apenas as 62 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2022 passou de 0,40% para 0,30%.
O presidente do BC comentou ainda sobre o mercado de crédito interno, salientando que continua a haver expansão no setor, mas de forma saudável. “O endividamento das famílias cresceu, mas não temos visto nada fora do previsto”, pontuou.