Após subir 0,71%, com a máxima marcando 112.389,86 pontos, o Ibovespa perdeu força, chegando a ceder 0,02%, à medida que os índices futuros de ações americanos e as bolsas europeias também exibem indefinição. O movimento reflete cautela dos investidores em relação aos desdobramentos da guerra russo-ucraniana.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciará, em discurso às 12h45 (horário de Brasília) de hoje, novas medidas para responsabilizar a Rússia pela “não provocada e injustificada guerra na Ucrânia”, informou a Casa Branca, em comunicado há pouco.
Conforme Felipe Graciano, especialista em renda variável da Blue3, como o Brasil acaba sempre acompanhando o exterior e a Bolsa brasileira é movida principalmente por commodities, tende a também sofrer os impactos dessa pressão da inflação, em meio a uma política monetária considerada frágil.
“Investidor de ações de varejo, por exemplo, fica perdido ao não ver uma volta do consumo neste cenário. Então, o índice começa a oscilar até esperar as próximas cenas, para ver qual será o antídoto para conter os preços. Só que não dá para intervir em uma grande empresa como é o caso da Petrobras, sem uma política monetária forte, que respeite o teto de gastos. Isso desagrada ao investidor”, avalia, observando a projeção elevada de giro financeiro para hoje, de quase R$ 70 bilhões, em relação à média diária na faixa de R$ 30 bilhões.
Às 11h08, o Ibovespa subia 0,17%, aos 111.782,68 pontos, após mínima diária aos 111.473,61 pontos e máxima aos 111.473,61 pontos (alta de 0,71%). As ações da Petrobras sobem quase 3% (PN) e 2,285 (ON), em recuperação, depois de cederem em torno de 7% na véspera, na esteira da alta de quase 4% do petróleo no exterior.
“Aqui temos de recuperar o nível dos 112.400 pontos e não perder a área de 110.500 pontos, sob pena de acelerar a queda”, observa o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira, em comentário matinal.
No entanto, o encarecimento do petróleo coloca ainda mais pressão na petrolífera brasileira, em meio ao crescente debate sobre adoção de medidas para conter o repasse da commodity para os preços dos combustíveis. Por ora, as ações aventadas sugerem intervenção política, tudo o que o mercado abomina, além da possibilidade de gerar perdas ao caixa da estatal. Além disso, dependendo da medida a ser adotada, pode também afetar as contas públicas, recrudescendo temores fiscais.
Para completar, boa parte do colegiado da Petrobrás é composta por representantes do mercado financeiro e também por profissionais do setor de petróleo que acreditam na necessidade de a Petrobras se manter isenta de ingerências políticas.
Neste sentido, o mercado acompanhará com afinco a reunião do presidente Jair Bolsonaro, ministros e o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna. Hoje eles devem discutir um programa de subsídios aos combustíveis, com validade de três a seis meses, conforme apurado pelo Broadcast.
Estudos indicam que as defasagens dos preços dos combustíveis no Brasil, em relação ao mercado internacional, oscilam entre 25% e 35% para a gasolina e 30% a 50% para o óleo diesel, como nota a Mirae Asset em relatório. “Jair Bolsonaro dá 24 horas para que os ministros encontrem saídas para evitar as atuais flutuações excessivas do barril de petróleo.”