Esse contexto sugere continuidade do diferencial de juros interno e externo mais favorável ao Brasil e da atratividade de capitais para o mercado interno. De outro lado, o dólar fraco ajuda a limitar a alta dos juros futuros de curto e médio prazos na esteira do forte IPCA e do petróleo, enquanto as taxas mais longas mostram viés de baixa.
Após o IPCA, o mercado tende a revisar suas projeções para a inflação. Até ontem, a aposta majoritária é de que o Copom eleve a Selic em 100 pontos-base na semana que vem, para 11,75% ao ano, mas uma dose de 125 p.b não está descartada, assim como a curva de juros precifica chance de o ciclo de aperto se prolongar até agosto.
Lá fora, o rublo russo se recupera de forma vigorosa em relação ao dólar nesta manhã, após o presidente da Rússia, Vladimir Putin, sugerir que houve avanços nas negociações com a Ucrânia por uma solução diplomática para o conflito em andamento.
Além disso, a aprovação do pacote do ICMS sobre combustíveis não mexeu na política de paridade de preços internacionais adotada pela Petrobras, e a criação de um fundo de estabilização dos preços dos combustíveis aprovado pelo Congresso, que representa subsídio do governo em caso de aumento acentuado do petróleo, só deve ser usado, segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, se a guerra da Rússia contra a Ucrânia continuar por mais de “30, 60 dias”. Guedes calculou que os projetos aprovados atenuarão a alta dos preços do diesel, por exemplo, em dois terços.
O resultado da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou fevereiro com alta de 1,01%, ante um avanço de 0,54% em janeiro, informou hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se do resultado mais alto para fevereiro desde 2015 (1,22%), superou a mediana positiva do mercado em 0,94%, mas veio dentro do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast. A taxa acumulada pela inflação no ano ficou em 1,56%. O resultado acumulado em 12 meses foi de 10,54%, dentro das projeções dos analistas, que iam de 10,36% a 10,69%, com mediana de 10,47%.
Às 9h24, o dólar à vista caía 0,42%, a R$ 4,9951. O dólar futuro para abril recuava 0,43%, a R$ 5,0240 no mesmo horário.