Ainda assim, com o impulso proporcionado por outras ações de peso, como as de bancos, mineração e siderurgia, o Ibovespa renovou máximas ao longo da tarde e fechou com ganho de 1,77%, aos 113.076,33 pontos. Nesta quinta, oscilou entre mínima de 111.070,36 e máxima de 113.087,75, saindo de abertura a 111.112,58 pontos, com giro a R$ 40,7 bilhões no encerramento. Na semana, passa a acumular ganho de 1,22% com a recuperação vista nas duas últimas sessões, após sequência de quatro perdas diárias. No mês, ainda cede 0,06% – no ano, avança 7,87%.
Apesar da elevação, desde a quarta-feira, da retórica americana sobre o presidente russo, Vladimir Putin, qualificado sucessivamente como “criminoso de guerra”, “ditador assassino” e “bandido” pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, “o mercado parece ter cansado de ‘treidar’ em cima de notícias da guerra, mais atento agora, de novo, à macroeconomia”, observa Rodrigo Jolig, CIO da Alphatree Capital.
A longa reunião de quarta do Copom, encerrada com um comunicado considerado um tanto confuso pelo mercado, resultou em ajustes nas projeções para a Selic, mais concentrados nos segmentos curtos e médios da curva de juros, desde a manhã.
Dessa forma, em meio à perspectiva de seis aumentos de juros ainda pela frente nos EUA este ano, conforme a indicação de quarta do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), e um grau de incerteza maior sobre a Selic no Brasil, condicionado em particular pela volatilidade do petróleo, o Ibovespa se reaproximou e retomou nesta quinta os 113 mil pontos, obtendo o melhor nível de fechamento das últimas cinco sessões.
“O Fed trouxe projeções de crescimento ainda favoráveis e Powell (Jerome Powell, presidente do BC americano) reforçou que não vê uma recessão mesmo após aperto considerável das condições financeiras pela instituição”, aponta em nota a Guide Investimentos.
Na agenda doméstica desta quinta-feira, o índice de atividade econômica do Banco Central, o IBC-Br, considerado uma “proxy” para o desempenho do PIB, caiu 0,99%, na margem, em janeiro. Mas, conforme observa a Terra Investimentos, embora tenha sido pior do que a expectativa mediana do mercado, o fraco desempenho de janeiro foi acompanhado de “significativa revisão dos resultados dos últimos meses”. “Após a revisão da série histórica, o crescimento de 2021 passou de 4,50% para 4,59%”, acrescenta a Terra.
“A indústria devolveu boa parte do avanço de dezembro, influenciada pela queda expressiva da produção de veículos no início do ano, e sinaliza que ainda há problemas na cadeia de produção, principalmente a falta de insumos, como os semicondutores”, observa em relatório a equipe econômica do Banco Original. “O setor de serviços presenciais (alojamento e alimentação) sentiu o impacto da queda da mobilidade urbana, com o aumento de casos da Ômicron e as restrições sociais. Já o varejo se encontra estagnado diante da redução do poder de compra do consumidor, tanto pela ótica da renda quanto do crédito”, acrescenta.
Contudo, apesar da má leitura sobre o indicador de atividade doméstico, a conservação do humor desde cedo, a partir da sessão asiática, contribuiu para sustentar o Ibovespa em terreno positivo nesta quinta-feira, especialmente pelo desempenho do segmento de metais. Enquanto, em Qingdao, o minério de ferro fez uma pausa na recuperação em curso (nesta quinta em baixa de 0,12%, a US$ 145,06 por tonelada), voltou a subir em Dalian, também na China (alta de 4,65%, a US$ 127,67).
A recuperação de confiança dos investidores deriva das “promessas de quarta referentes aos estímulos por parte de Pequim e da queda de novos casos sintomáticos (de covid-19) na China continental, pelo segundo dia consecutivo”, o que melhora a perspectiva quanto a restrições sociais em importantes cidades do país, aponta a Nova Futura Investimentos.
Assim, destaque nesta quinta-feira para o setor de mineração, com Vale (ON +3,48%), CSN (ON +7,95%), Gerdau (PN +4,87%) e Usiminas (PNA +4,61%). Na ponta do Ibovespa, além de CSN, destaque também para PetroRio (+8,16%), Magazine Luiza (+7,99%) e Cemig (+6,36%). No lado oposto, MRV (-4,89%), Yduqs (-3,60%), Petrobras PN (-2,66%) e ON (-2,64%).