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Juros sobem com commodities, Treasuries e desconforto com pesquisa Focus

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Estadão Conteúdos

Os juros futuros fecharam em alta, alinhados aos eventos no exterior e também fatores internos que trouxeram desconforto. Declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, no período da tarde desta segunda-feira fortaleceram o dólar e levaram os juros dos Treasuries para as máximas do dia. Mais cedo, o impacto do salto dos preços do petróleo conseguia ser suavizado pelo recuo do dólar, que nas mínimas chegou a rodar em R$ 4,93. Internamente, a primeira pesquisa Focus após o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) trouxe aumento nas medianas de IPCA e Selic, elevando a expectativa pela ata da reunião, que sai na terça-feira.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 encerrou a sessão regular em 12,925%, de 12,896% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2024 subiu de 12,582% para 12,675%. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 12,21%, de 12,071%, e DI para janeiro de 2027, com taxa de 11,98%, de 11,915%.

Apesar do avanço, tanto as taxas curtas se mantiveram abaixo de 13% quanto as longas fecharam aquém dos 12%, com o mercado à espera dos eventos da semana para um ajuste mais firme em suas posições. O primeiro deles é a ata do Copom, na terça. Os agentes querem saber se o documento vai confirmar a leitura majoritariamente “dovish” do comunicado, no qual os diretores anteciparam a intenção de elevar a Selic em mais 1 ponto na reunião de maio, para 12,75%.

“Vamos ver se trará detalhes, pelo lado mais racional, do cenário alternativo, e se estará firme na sinalização de apenas mais uma alta da Selic”, comentou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. Ele destaca que, nesta segunda-feira, do ponto de vista externo, o dia foi negativo desde cedo, dada a falta de sinais de arrefecimento do conflito no leste europeu e pressão do petróleo, parcialmente neutralizada pela valorização do câmbio.

Enquanto o petróleo Brent subiu acima de 7%, a US$ 115 o barril, o dólar caiu um pouco mais de 1%, o que volta a pressionar a defasagem ante os preços internos, que na semana passada estava praticamente zerada. “A princípio US$ 100 é a referência do Copom”, lembrou Rostagno, referindo-se ao cenário alternativo, considerado o de maior probabilidade, trazido pelo comunicado, que tem como premissa o petróleo terminando o ano em US$ 100/barril e passando a aumentar 2% ao ano a partir de janeiro de 2023. Nesse cenário, as projeções de inflação do Copom situam-se em 6,3% para 2022 e 3,1% para 2023.

Na pesquisa Focus desta segunda, porém, a mediana das estimativas do mercado para o IPCA de 2022 subiu de 6,45% para 6,59%. Ainda que este ano seja considerado perdido no que diz respeito à meta (o teto é de 5%), quanto mais pioram as estimativas para o ano corrente, mais cresce a pressão sobre 2023, para o qual as expectativas também estão desancoradas da meta central de 3,25%, tendo avançado de 3,70% para 3,75%. As medianas para a Selic neste e no próximo ano na Focus subiram a 13,00% e 9,0%, respectivamente.

No exterior, além do petróleo, também houve forte abertura na curva americana, com a taxa da T-Note de dez anos chegando a 2,31% nas máximas do dia, depois de Jerome Powell não ter descartado uma aceleração do ritmo de aperto monetário nos Estados Unidos, em evento do período da tarde. “Se concluirmos que é apropriado agir de forma mais agressiva, elevando a taxa dos Fed Funds em mais de 25 pontos-base em uma reunião ou reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto, FOMC, o faremos”, disse.