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Alta nos custos de entrega em 2021 podem elevar inflação global em 2022, diz FMI

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Estadão Conteúdos

O Fundo Monetário Internacional (FMI) observou, com base em dados de 143 países nos últimos 30 anos, que os custos de entrega são um driver importante na inflação ao redor do mundo. Quando as taxas de frete dobram, a inflação sobe cerca de 0,7 ponto porcentual. Com isso, as altas nos custos de entregas observados em 2021 podem levar a inflação a subir 1,5 ponto porcentual neste ano, prevê o FMI.

Em relatório, o Fundo destaca que, embora os efeitos repassados para a inflação sejam mais associados ao combustível e alimentos, os custos de entrega são “muito mais” voláteis. “Como resultado, a contribuição na variação da inflação devido às mudanças nos preços globais do transporte marítimo é quantitativamente semelhante à variação gerada por choques nos preços globais de petróleo e alimentos”, dizem analistas.

As entregas pelo oceano contam com 80% do comércio global de bens e diferentemente da alta de preços do combustível, por exemplo, que é sentida nos postos de gasolina em poucos meses o impacto do avanço dos preços de remessas por navio atinge os consumidores gradualmente, alcançando seu pico em 12 meses. Os produtores, por sua vez, sentem o choque em cerca de dois meses, já que muitas vezes dependem das importações para sua produção, observa o Fundo.

Há determinados fatores que dimensionam o impacto de tais custos sobre a inflação. Um país que importa grande parte do que consome deve sentir os preços mais altos, assim como os mais integrados a cadeias de suprimentos. Uma política monetária forte e credível também desempenha seu papel em mitigar os efeitos de preços nos produtos importados e na inflação.

Na análise do FMI, o impacto inflacionário dos custos de envio devem continuar subindo até o fim de 2022. “Isso criará compensações complicadas para muitos banqueiros centrais que enfrentam inflação crescente e ainda ampla folga na atividade econômica. Além disso, a guerra na Ucrânia provavelmente causará mais interrupções nas cadeias de suprimentos, o que poderia manter os custos globais de remessa e seus efeitos inflacionários mais altos por mais tempo.”