Em relatório publicado nesta quinta-feira, 31, pesquisadores do Ipea explicaram que, “mesmo diante de um comportamento mais benevolente do câmbio”, a revisão se deve à “manutenção da trajetória de alta das commodities no mercado internacional, aliada ao impacto da guerra (na Ucrânia) sobre os preços do petróleo e aos efeitos climáticos sobre a produção doméstica de alimentos”.
O texto deu ênfase aos preços de alimentos. O Ipea elevou a projeção para a variação dos preços de alimentos no domicílio no IPCA de 2022 para 9,1%, ante 6,1% anteriormente.
“O comportamento dos alimentos no domicílio é o que mais vem surpreendendo negativamente. De fato, além dos danos causados pela ocorrência do fenômeno La Niña sobre as plantações de frutas, verduras e legumes, o seu impacto neste início da safra 2021-2022 também já ocasiona prejuízos a algumas lavouras importantes, como soja, milho de primeira safra e arroz. Adicionalmente, o efeito da guerra entre Rússia e Ucrânia sobre a produção de milho e trigo e sobre os custos dos fertilizantes deve continuar a pressionar os alimentos ao longo do primeiro semestre de 2022”, diz o relatório.
Apesar das seguidas revisões para cima nas projeções para o IPCA deste ano, os pesquisadores do Ipea lembram que a tendência de desaceleração se mantém. Afinal, mesmo uma alta de 6,5% ficaria bastante abaixo dos 10,1% registrados em 2021.
A desaceleração continuará por 2023. Nas projeções do Ipea, o IPCA do próximo ano ficará em 3,6%.
Isso permitirá um alívio na política monetária. Para os pesquisadores do Ipea, o Banco Central (BC) ainda elevará a taxa básica Selic, dos atuais 11,75% ao ano, a 12,75% ao ano. Esse nível permanecerá até o fim de 2022, mas a taxa será ajustada para baixo ao longo de 2023. O Ipea espera que a Selic termine o próximo ano em 9,0% ao ano.