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Bancos chineses não devem socorrer Rússia dos efeitos das sanções ocidentais

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Estadão Conteúdos

No papel, os bancos da China e seu sistema de pagamentos doméstico poderiam oferecer à Rússia um alívio das sanções ocidentais paralisantes, após Moscou iniciar invasão da Ucrânia. Na prática, não é tão simples.

O impasse mostra como é difícil contornar o sistema financeiro internacional centrado no dólar – apesar do interesse compartilhado de Moscou e Pequim, e mesmo que a China tenha alguma experiência em ajudar outras nações a driblar sanções.

Os dois países negociam cada vez mais entre si sem usar dólares, dando à Rússia uma importante saída para a venda de petróleo, gás e outros produtos sem tocar no sistema financeiro dos EUA. Pouco mais de um terço das exportações da Rússia para a China foram liquidadas em dólares em setembro passado, mostram os dados mais recentes disponíveis, abaixo dos 96% em 2013. Um pouco mais da metade das exportações da China no sentido inverso foram liquidadas em dólares, abaixo dos 90% em 2013.

Mas esse comércio é pequeno em relação aos outros mercados agora amplamente fechados para a Rússia e, embora Pequim também tenha se manifestado em sua recente oposição às sanções, os grandes bancos chineses provavelmente não irão em socorro da Rússia.

O primeiro problema é que as instituições financeiras chinesas estão menos interessadas na ideia de financiar clientes russos do que seus líderes políticos.

Outra grande dor de cabeça é uma lei de 2017 que permite que os EUA penalizem entidades estrangeiras que negociam com empresas, países e indivíduos alvos de sanções. Para qualquer banco que queira transacionar em dólares, as consequências podem ser drásticas.

O Sistema de Pagamento Interbancário Transfronteiriço da China, ou CIPS, foi apontado como uma possível solução alternativa para o Swift, da qual alguns bancos russos foram excluídos, mas analistas e advogados dizem que a rede não serve para esse propósito, pelo menos por enquanto.

Lançado em 2015, o CIPS foi desenvolvido pelo banco central da China para promover o uso internacional do yuan e lida em grande parte com negócios denominados em yuan entre a China e o exterior. Mas até o terceiro trimestre do ano passado, ele lidava com uma média de apenas 13 mil transações por dia, levantando questões sobre a rapidez com que poderia aumentar sua atividade. Embora a comparação não seja exata, o Swift processou mais de 40 milhões de mensagens por dia no mesmo período.