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Fluxo está indo para renda fixa, renda variável e ativos reais, diz Campos Neto

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Estadão Conteúdos

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, destacou nesta segunda-feira, 11, que o fluxo de entrada de recursos no Brasil está indo para renda fixa, renda variável e também ativos reais.

“Temos ativos importantes como a Eletrobras, cuja concessão pode acontecer ainda. Temos uma agenda grande infraestrutura. Temos empresas procurando iniciar conversas de investimento de longo prazo no Brasil para fugir da dependência de insumos de um ou dois países”, afirmou, em videoconferência organizada pela Arko e Traders Club (TC).

Para Campos Neto, também há reequilíbrio dos fluxos após a saída forte de recursos durante a pandemia. “Nosso cenário não é de reversão desse movimento de entrada, mas estamos em um cenário de muita incerteza”, completou.

O presidente do BC enfatizou que a instituição não entende que houve movimento atípico na apreciação do real. “Temos um ano com várias incertezas também locais, como a eleição e temos que entender papel do Brasil em nova ordem geopolítica. Vamos avaliar com bastante atenção o impacto de alta de juros global no Brasil e reagir ao que acontecer”, afirmou.

Criptomoedas

Roberto Campos Neto também disse que o BC enxerga o movimento de crescimento na negociação de criptomoedas no Brasil. Segundo ele, os bancos centrais precisam entender como fazer a regulamentação desse mercado que cresce exponencialmente.

“Há um movimento maior de criptomoedas como veículo de investimento do que para meio de pagamento”, repetiu na videoconferência. “O processo de digitalização em curso é irreversível. Há uma concentração injusta no debate de criptomoedas e talvez uma falta de diagnóstico sobre o network em que ela trafega”, completou.

Campos neto lembrou que não há nenhum Banco Central hoje que não esteja em processo de estudo de uma moeda digital própria. “Acho que precisa haver coordenação maior de processo de criação de CBDCs – as moedas digitais dos BCs. Se essas moedas digitais não tiverem um sistema de pagamento transfronteiriço, as criptomoedas serão sempre mais eficientes”, admitiu.

Fed

O presidente do Banco Central repetiu que o movimento de antecipação de ciclo de aperto monetário pelo Federal Reserve (Fed) já domina debate no mercado atualmente.

“O mercado começa a entender que não vai dar para ser 0,25 pontos porcentuais em cada reunião do Fed, vai ter que ser um pouco mais. É o movimento de trazer a alta ao longo de uma curva maior para aumentos maiores no curto prazo. A questão é quantos aumentos vão ser”, afirmou.

Mais uma vez, Campos Neto alertou que um mix de inflação para cima e crescimento para baixo nos EUA pode alterar o fluxo de recursos para países emergentes. “O maior indicador disso vão ser os próprios ativos americanos. Veremos uma onda inicial de um dólar mais forte e precisamos ver qual será o efeito líquido disso. Mas o Brasil está bem posicionado”, completou.