“Os valores foram muito significativos, com lucro e receitas crescentes no período. Mesmo isolando 2020, que foi um ano ruim e que tem uma base fraca, o resultado é o dobro do verificado em 2019, antes do coronavírus”, diz o gerente de relação institucional e comercial da Economatica, Einar Rivero. Ao contrário de negócios de pequeno e médio porte que não conseguiram sobreviver à pandemia e fecharam as portas, as grandes companhias aprenderam com a crise e saíram fortalecidas.
Exemplo disso é o retorno sobre patrimônio (ROE), indicador que mede quanto uma empresa pode gerar de valor ao negócio e aos investidores com base nos recursos próprios. Em 2020, essa rentabilidade caiu de 12,08% para 7,02%. No ano passado, saltou para 20,49%. O resultado é reflexo de um avanço das receitas bem acima das despesas operacionais.
Enquanto as vendas líquidas cresceram 45,9% no ano passado, os gastos subiram 22,4%, segundo a Economatica. Nessa equação, o caixa avançou 12%, de R$ 483 bilhões para R$ 541 bilhões.
Eficiência
Na avaliação do economista VanDyck Silveira, presidente da Trevisan Escola de Negócios, as empresas fizeram uma limpeza em termos de eficiência dentro de suas organizações (mas não de produtividade).
“Houve uma melhora nos gastos, nos estoques e na alocação de recursos, que agora aparece nos balanços”, diz o executivo. Segundo ele, a pandemia trouxe muitas mudanças para o mundo corporativo, como o home office, mas também resultou em demissões e substituição de mão de obra por maquinários e novas tecnologias. Quando há recontratação de pessoal, o salário é menor. Exemplo disso é que renda média do trabalhador brasileiro caiu quase 10% em um ano, e deve demorar a se recuperar.
Além da maior eficiência das empresas, Silveira destaca que o resultado de 2021 também reflete o boom de commodities (petróleo e minerais). Embora o levantamento da Economatica não inclua Petrobras e Vale para não distorcer a média, muitas empresas ligadas a esses setores acabam abocanhando parte do aumento desses preços. Petróleo e mineração estão entre os dez setores que mais lucraram no ano passado.
Mas o campeão foi o de energia elétrica. Num ano de crise energética, em que o País quase viveu um novo racionamento, as empresas lucraram R$ 52,2 bilhões ante R$ 44,8 bilhões de 2020. Os números refletem, além de uma recuperação na demanda que caiu no primeiro ano da pandemia, a alta nos preços da energia, já que os aumentos são repassados para a tarifa dos consumidores.
Em relatório do Itaú BBA, os analistas afirmam que algumas empresas seriam beneficiadas pelos reajustes baseados no IGPM. No ano passado, o índice acumulou 17,78% de alta. Outro fator que ajudou as empresas a melhorar os resultados foram as reduções nas perdas e na inadimplência.
Além disso, com a necessidade de gerar energia para compensar a queda no volume de água dos reservatórios, algumas geradoras passaram a produzir energia térmica, mais cara. Em alguns casos, o preço era superior a R$ 2 mil o megawatt/hora (MWh).
Exceções
Segundo Einar Rivero, da Economatica, quase todos os setores registraram recuperação em 2021, exceto os segmentos de educação e Transporte e Serviços – este último inclui as companhias de aviação civil, que ainda sofrem os reflexos da pandemia e podem ter mais problemas por causa da alta no preço dos combustíveis. A Gol, por exemplo, teve prejuízo de R$ 7,2 bilhões em 2021; e a Azul, de R$ 4,7 bilhões.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.