Segundo a diretora associada de economia da S&P Global, Pollyanna de Lima, os dados de março mostram resultados heterogêneos para a indústria de manufatura brasileira.
“O lado positivo é que ocorreu, nas empresas, uma recuperação do número de vendas e ajustes adequados nos cronogramas de produção. Além disso, as contratações e a reposição de estoque foram retomadas”, diz em nota. “No entanto, uma queda na confiança nos negócios indica que as empresas percebem muitos empecilhos que provavelmente atrapalharão o crescimento. Entre eles, a escassez de insumos, a guerra entre Rússia e Ucrânia e o crescimento da inflação.”
Os pedidos de fábrica aumentaram pela primeira vez após seis meses, fato atribuído ao fortalecimento da demanda, à conquista de novos clientes e aos esforços de reposição de estoque. A taxa de aumento de novos negócios foi moderada, mas ultrapassou a média de longo prazo. Como consequência, o índice de produção cresceu pela primeira vez desde setembro de 2021.
As pressões inflacionárias, por sua vez, voltaram a ganhar força em março, com os custos de insumos atingindo o maior patamar deste ano. A taxa de inflação dos preços de produção chegou ao maior nível em sete meses e ultrapassou, por muito, sua média de longo prazo.
“A demanda dos consumidores continuará a ser testada nos próximos meses, pois o aumento da inflação e as taxas de juros restringem o poder aquisitivo. Paralelamente a isso, as incertezas econômica e política podem enfraquecer os investimentos empresariais”, projeta Pollyanna de Lima.