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Plano da Toyota é deixar São Bernardo e vender fábrica

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Estadão Conteúdos

Após desocupar a instalação, num processo que, como anunciou nesta terça-feira, 5, será gradual, a Toyota pretende vender a fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, de onde saem peças que abastecem operações da montadora tanto no Brasil quanto na Argentina.

Inaugurada há 60 anos, a fábrica produziu o jipe Bandeirante até 2001, tornando-se, 14 anos depois da aposentadoria do fora-de-estrada, a sede administrativa da Toyota na região. Junto com a mudança do comando, de um escritório na zona sul da capital paulista para o ABC, São Bernardo do Campo tornou-se base de testes de novas tecnologias da marca, o que alimentou especulações de que produziria o híbrido Prius.

De lá para cá, no entanto, os incentivos à fabricação nacional de carros com sistemas de propulsão elétrica não apareceram, e a Toyota não só priorizou investimentos em operações no interior de São Paulo, como tirou de São Bernardo a administração do negócio, transferindo seus executivos para Sorocaba.

São Bernardo seguiu, assim, funcionando como fornecedor de peças que equipam modelos montados nas demais fábricas da montadora no Brasil e na Argentina, exportando também componentes aos Estados Unidos. No entanto, a montadora anunciou hoje a decisão de transferir a operação industrial para as demais unidades no País. Além de montar os modelos Yaris e Corolla Cross em Sorocaba, a Toyota produz o sedã Corolla em Indaiatuba e motores em Porto Feliz.

A ideia é desativar São Bernardo em novembro do ano que vem, num cronograma de desligamento que começará em dezembro. Como o plano da multinacional japonesa é de abrir negociações com interessados pelo terreno, não restará nem o espaço no local onde a Toyota apresenta sua história a visitantes, incluindo a exposição de um exemplar do Bandeirante.

Em nota, o sindicato dos metalúrgicos do ABC manifestou surpresa com a notícia do fechamento. “A montadora toma tal decisão de forma irresponsável com a falsa justificativa de otimização de custos. Não há motivos plausíveis para o fechamento da planta, que é a primeira fábrica da Toyota fora do Japão”, comentou a direção do sindicato.

A entidade que representa os metalúrgicos da região apontou ainda que, em toda as negociações, a Toyota não só deixou claro que a fábrica seguiria ativa como indicou ter planos para a unidade. “A empresa chegou a comunicar o sindicato que os produtos atuais garantiriam a permanência da fábrica pelos próximos três anos e afirmava que a unidade era produtiva, competitiva e lucrativa”, sustentou a associação dos trabalhadores, criticando também em seu posicionamento a falta de políticas industriais no País e no Estado.

O sindicato, por fim, disse estar aberto para discutir alternativas para a Toyota rever a sua decisão e permanecer em São Bernardo. A montadora promete dar aos 550 funcionários do ABC a oportunidade de transferência a outras operações do grupo.