As vendas líquidas (descontados os distratos) alcançaram R$ 6,4 bilhões, aumento de 6,7% na mesma base de comparação anual. Já a velocidade média trimestral de vendas (que mede as vendas em relação ao estoque total) caiu de 22,9% para 18,1%.
Um dos fatores que explicam a alta é a base de comparação mais fraca, já que o começo de 2021 foi marcado pela pandemia. Além disso, 2022 não será um ano fácil para o mercado imobiliário, com inflação e juros elevados, preços dos imóveis em alta, poder de compra abalado e incertezas típicas de ano eleitoral.
Alta renda
Assim, as incorporadoras passaram a priorizar projetos de alto padrão, destinados a pessoas com maior poder de compra e que sentem menos as crises.
“Podemos dizer que a desaceleração esperada, de fato, se confirmou”, disse o analista do BTG Pactual Gustavo Cambauva. “As empresas têm mais estoques, estão trabalhando mais tempo nas pré-vendas e aumentaram a cautela em um cenário mais complicado.”
Cambauva afirmou, porém, que a queda na velocidade de vendas tem sido moderada, indicação de que o mercado permanece saudável e distante de uma crise, apesar do desaquecimento. “O preço do imóvel subiu bastante, e as empresas continuam tentando repassar a inflação para o preço final. Então, a solução foi atuar de modo mais seletivo. Não dá para lançar qualquer coisa.”
A mesma leitura é feita pelos analistas de construção do Citi, André Mazini e Hugo Grassi. “A desaceleração aconteceu. Agora a prioridade está nos projetos de melhor margem”, afirmou Mazini.
Segundo Grassi, o momento pede seletividade. “As incorporadoras estão tentando acomodar o portfólio de lançamentos com prioridade para os produtos voltados aos consumidores de maior renda.”
Diversificação
Um exemplo da revisão no plano de negócios para se adaptar à nova situação é a Mitre, que apostou na diversificação. A incorporadora criou uma linha de alto luxo, com apartamentos a mais de R$ 25 mil por m², que combinam arquitetura de grife e localização em áreas nobres. Ao mesmo tempo, criou uma linha mais econômica, na faixa de R$ 7 mil a R$ 9 mil por m² e com unidades menores.
Um destaque positivo, segundo analistas, foi a Cyrela. A incorporadora mais que dobrou os lançamentos. Ao todo foram seis empreendimentos, sendo 59% das unidades voltadas ao público de alta renda e 29% para o de média renda.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.