Notícias

Notícias

Intelbras vai contra a maré e ‘voa’ na B3 após IPO

Por
Estadão Conteúdos

A Intelbras é um exemplo raro de empresa do ramo de tecnologia e varejo que conseguiu sustentar o valor das suas ações na bolsa de valores depois do IPO (oferta pública de ações, na sigla em inglês), realizado em fevereiro do ano passado. Após movimentar R$ 1,3 bilhão na abertura de capital, o preço da ação da empresa passou de R$ 15,75 para atuais R$ 29,18, um aumento de 90%. A rival Multilaser, por exemplo, chegou à B3 com papéis negociados a R$ 11,10 em 2021 e hoje vê perda de quase 50%.

O momento mais fraco para o setor é uma preocupação global. Desde o começo de 2022, o índice Nasdaq, ligado ao setor de tecnologia, acumula queda de 14%. Até mesmo a Apple, maior empresa de eletrônicos do mundo, teve redução de quase 6% nos preços de suas ações desde o pico registrado em dezembro do ano passado.

Parte do desempenho da Intelbras na contramão do setor pode ser atribuída à estratégia de negócios adotada pela empresa, que optou por uma abordagem mais conservadora na política de aquisições. Concorrentes no segmento de varejo e tecnologia, como Multilaser e o Magazine Luiza, por exemplo, foram às compras com força no último ano, adquirindo quase uma dezena de empresas, em busca de expansão para novas frentes.

Os “alvos” da Intelbras foram pontuais, como a compra da concorrente Khomp, em um negócio de R$ 89,1 milhões, e a aquisição da companhia de energia solar Renovigi, por R$ 334 milhões.

Busca por eficiência

Segundo Altair Silvestre, CEO da Intebras há 17 anos, as duas compras tiveram o mesmo propósito: aumentar a eficiência operacional do negócio e expandir a área de soluções de painéis solares. “Tivemos um pensamento muito consciente desde o IPO, abrimos o capital, mas não trabalhamos pelo valor das ações, mas sim pelo resultado da empresa. Mesmo que a ação caísse, o foco seria o resultado e, cedo ou tarde, o mercado nos reconheceria. Mas fomos surpreendidos por uma valorização dos papéis”, afirma.

Em dois anos, o lucro líquido da companhia saltou 92%, – de R$ 189,4 milhões, em 2019, para R$ 363,5 milhões, em 2021. Mas o período foi marcado por um ressarcimento de impostos que inflou o resultado de forma pontual. “No lucro de 2019 a 2021, houve o ganho de causa do PIS/Cofins. Tirando isso, o crescimento é menor, por volta de 50% no lucro líquido”, calcula Silvestre.

O crescimento da empresa, especializada na produção e venda de equipamentos de segurança, como câmeras de monitoramento e fechaduras eletrônicas, aconteceu em um período desafiador para as fabricantes de eletrônicos. Com a escassez global de semicondutores e as restrições sanitárias para conter a propagação da covid-19, a empresa precisou lidar com o aumento do frete marítimo. A saída foi recorrer a parcerias para garantir os componentes necessários para suprir a demanda do mercado brasileiro. A ajuda veio da americana Qualcomm, especializada em processadores, e da empresa de equipamentos de segurança Dahua.

Energia solar e 5G

Sobre a presença no setor de energia solar, a Intelbras acredita no crescimento da adoção de painéis fotovoltaicos em residências e empresas nos próximos anos – especialmente devido aos frequentes reajustes nas contas de luz. Na comparação, hoje, um financiamento para um kit solar se paga em quatro anos, mas o equipamento pode funcionar por mais de duas décadas. O potencial do ainda pouco explorado mercado de energia solar também é animador. Segundo o Ministério de Minas e Energia, em 2021, apenas 2,1% de toda a oferta de energia elétrica no País vinha dessa fonte renovável.

Outra aposta é a evolução do 5G no País. Para viabilizar essa conexão de internet como concorrente da fibra óptica, a Intelbras vai iniciar a venda de receptores de sinal. A empresa estima que 20% das quase 40 milhões de assinaturas de internet fixa no País estarão na rede 5G até 2026.

A companhia não descarta também aquisições estratégicas para ampliar suas frentes de negócios e pretende aumentar investimentos para levar os produtos da marca para outros países da América Latina – como já fazem a Multilaser e a Positivo Tecnologia.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.