“É muito mais uma volta ao período pré-pandemia. Ninguém fica muito feliz de saber que, depois de dois anos ganhando menos por causa de uma pandemia, voltou a ganhar o que ganhava antes. Todo mundo quer ganhar mais”, avaliou Considera. “Não é de hoje que o Brasil está andando de lado. Faz tempo que estamos com 1% de crescimento. Não dá para comemorar crescimento de 1% como se fosse um grande milagre. Crescer 1% é muito ruim, isso precisa ficar claro”, completou.
O Monitor do PIB antecipa a tendência do principal índice da economia a partir das mesmas fontes de dados e metodologia empregadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo oficial das Contas Nacionais. O IBGE divulgará os resultados oficiais sobre o desempenho do PIB no primeiro trimestre de 2022 no próximo dia 2 de junho.
O indicador da FGV estima que o PIB brasileiro teve uma alta de 1,8% em março ante fevereiro. Na comparação com março de 2021, a atividade econômica teve expansão de 4,2% em março de 2022.
O setor de serviços foi destaque no desempenho positivo deste início de ano, por ter sido mais impactado pela crise sanitária, o que abriu espaço para “crescer e recuperar o nível de atividade que possuía antes da chegada da pandemia”, afirmou Juliana Trece, coordenadora do Monitor do PIB – FGV, em nota oficial.
“Nota-se que o desempenho do PIB ainda tem sido impulsionado pela normalização do nível de atividade pré-pandemia e este efeito está se esgotando, o que liga um alerta para a sustentabilidade do crescimento.” alertou Trece, na nota.
Claudio Considera acredita que as liberações de recursos pelo governo, como o pagamento do Auxílio Brasil, o saque extraordinário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e a antecipação do 13º salário a pensionistas e aposentados do INSS, possam ajudar a melhorar o desempenho do PIB do segundo trimestre de 2022, mas não se sabe se o movimento terá fôlego para permanecer nos meses subsequentes.
“Quando você antecipa o 13º salário, falta lá na frente”, exemplificou Considera. “Temos uma coisa chamada inflação, então ainda não se sabe o que vai acontecer com o consumo das famílias”, lembrou.
Considera ressaltou que economistas do mercado financeiro têm revisado para cima suas projeções para o PIB deste ano, mas reduzido as estimativas de crescimento para 2023.
“Se cresce mais agora, cria um efeito base de comparação mais elevada. O PIB teria que crescer mais no ano que vem”, acrescentou o coordenador do Ibre/FGV.
Pela ótica da oferta, o PIB da agropecuária subiu 1,7% na passagem do quarto trimestre de 2021 para o primeiro trimestre de 2022, enquanto o da indústria avançou 0,5%. O PIB dos serviços cresceu 0,8%.
Pelo lado da demanda, o consumo das famílias avançou 1,5% no primeiro trimestre de 2022 ante o quarto trimestre de 2021, mas o consumo do governo encolheu 0,8%. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida dos investimentos no PIB) subiu 2,8%. As exportações aumentaram 6,0%, e as importações tiveram elevação de 1,0%.
No primeiro trimestre de 2022 ante o mesmo período de 2021, pelo lado da oferta, a agropecuária caiu 2,1%, e a indústria encolheu 1,0%. Os serviços cresceram 3,3%.
Sob a ótica da demanda, o consumo das famílias teve elevação de 3,4% no primeiro trimestre deste ano ante o primeiro trimestre do ano passado, sustentado pelo componente de serviços, apontam as estimativas da FGV. O consumo do governo avançou 2,0%. A Formação Bruta de Capital Fixo cresceu 1,5% no período. As exportações aumentaram 9,6%, e as importações tiveram retração de 1,8%.
Em termos monetários, o PIB alcançou aproximadamente R$ 2,458 trilhões no primeiro trimestre de 2022, em valores correntes.
A taxa de investimento da economia foi de 18,4% no primeiro trimestre de 2022.