“Ter 150 lojas Express até 2024 é uma meta factível, mas no Brasil cabem muito mais lojas desse tipo”, afirma o diretor de Desenvolvimento, Expansão e Relações Institucionais da empresa, Renato Coltro. Nesse novo formato, o tamanho do ponto varia entre 600 e 1 mil metros quadrados, onde são vendidos cerca de 6 mil itens. É muito menor do que uma megaloja no modelo homecenter, que tem entre 7 mil e 18 mil metros quadrados de área de vendas, com oferta de até 70 mil produtos.
O formato de loja de bairro foi adotado pela principal concorrente, a Telhanorte Já, em agosto de 2019. Hoje a empresa tem oito pontos com a bandeira Telhanorte Já na cidade de São Paulo. Em 2021, esse tipo de loja chegou ao Rio Grande do Sul, com a bandeira Tumelero Já, outra marca do grupo.
Na Leroy, o novo modelo começou a ser testado no fim de 2020 na capital paulista, com a abertura da unidade no bairro do Campo Belo, zona sul da cidade. Com mais de um ano de operação, o resultado surpreendeu, conta o executivo.
A segunda loja acaba de ser inaugurada em Perdizes, na zona oeste. A meta é abrir três ou quatro lojas deste tipo até dezembro em São Paulo em bairros centrais e com grande concentração de pessoas. “Dando certo o teste, o céu é o limite”, prevê Coltro.
O foco da loja Express é captar o cliente que precisa fazer uma compra rápida para o reparo e não tem tempo para ir até os homecenters nem quer esperar a entrega do online.
Prateleira infinita
Com esse formato, a empresa pretende integrar a venda online com a da loja física, explorando o conceito de prateleira infinita. Isto é, produtos que não estão disponíveis para venda imediata são pedidos para o homecenter pelo vendedor para serem entregues. “Vamos usar a estrutura da loja grande para aumentar nossa capilaridade no centro das cidades”, diz.
Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, observa que a Leroy cresceu muito nos últimos anos com seu modelo principal. Atualmente são 44 megalojas em operação que garantiram o grosso do faturamento do grupo de R$ 8,2 bilhões em 2021.
“Mas esse formato se esgotou ou vai se esgotar, e a companhia precisa continuar crescendo”, diz Terra. O esgotamento, segundo ele, resulta da dificuldade de encontrar áreas tão grandes para abrir megalojas e do arrefecimento da demanda.
“Esse projeto da Express não muda o plano para os homecenters”, rebate Coltro. A empresa acaba de abrir a segunda megaloja em Porto Alegre (RS), vai inaugurar uma em Guarulhos (SP) e tem outros projetos de expansão nesse formato.
‘Homecenters’ seguem os hipermercados
As grandes empresas do varejo de materiais de construção, que só tinham homecenters e agora operam com novos formatos de lojas, passam por processo parecido com o visto no varejo de alimentos há alguns anos, segundo Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).
Para o consultor, a lógica do varejo é buscar manter o ritmo de crescimento de seus negócios com formatos de lojas que não estejam esgotados. Um movimento parecido também ocorre no setor de produtos para animais de estimação, diz.
A exemplo do que ocorreu entre os supermercados no passado, o diretor da Leroy Merlin, Renato Coltro, conta que a empresa também avalia outro novo formato de ponto de venda, de tamanho médio, que é comum no grupo na França, na Espanha e na Itália. O plano da companhia é adotá-lo no Brasil. Seriam lojas com dimensões intermediárias entre o modelo Express e o de megaloja.
Depósito de bairro
Uma das características do varejo de materiais de construção no País é o grande número de pequenas lojas. A chegada de pontos de venda menores com bandeiras de grandes redes pode intimidar os depósitos de bairros.
Coltro diz que o concorrente da loja Express não é o depósito de bairro. Alega que a sua loja é mais voltada para compra de conveniência, enquanto o depósito é focado em materiais básicos. O presidente da SBVC discorda em parte. “Esse formato vai tirar o mercado de alguém.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.