Campos Neto voltou a avaliar que o Brasil continua pagando um alto prêmio de risco fiscal porque o mercado avalia que o panorama fiscal de curto prazo depende de uma melhor perspectiva da capacidade de crescimento da economia nos anos à frente.
“Parte do problema fiscal hoje não é de curto prazo. Mas os investidores precisam enxergar uma forma de o Brasil ter um crescimento estrutural de longo prazo”, reafirmou o presidente do BC. “Mesmo após todas as reformas que fizemos, as pessoas acham que o crescimento estrutural do Brasil caiu. Isso pode significar que há mais reformas ainda a serem feitas”, completou.
Energia e alimentos
O presidente do Banco Central repetiu também que o Brasil tem a oportunidade de ser um grande fornecedor não só de alimentos e energia, mas também de insumos para as indústrias de bens do mundo ocidental.
“No afã de ter segurança alimentar e energética para sua população, os governos estão se fechando e se distanciando das práticas de mercado. No fim das contas, quem produz energia e alimentos não são os governos, mas sim as empresas privadas. É superimportante entender que se cada um for se fechar e esquecer a cadeia global de valor, podemos ter um problema muito mais grave de energia e alimentos nos próximos anos”, afirmou Campos Neto.
Autonomia do BC
O presidente do Banco Central avaliou também que as medidas duras tomadas pela autoridade monetária no atual ciclo de alta de juros têm mais credibilidade devido à autonomia do órgão aprovada no ano passado.
“O timing da autonomia do BC foi muito bom. As pessoas sabem que não é uma ação política, mas sim uma ação pelo País. Uma parte do nosso trabalho acaba freando a economia, mas queremos fazer isso com o mínimo de ruptura no tecido social e de impacto para o setor produtivo”, afirmou Campos Neto.