A representante da OCDE, que é chilena, disse que ocorreu exatamente isso em seu país enquanto estava no processo de acessão. “Houve uma mudança de governo de direita para a esquerda, e isso é algo bom porque, independente do governo que haverá depois nas próximas eleições, tem que ter em mente que esta é uma boa política para o Brasil”, argumentou.
Ana salientou, porém, que o processo de entrada do Brasil se dá em meio a um momento muito difícil do globo, com um conflito geopolítico logo depois da pandemia de coronavírus. “A inflação está crescendo por causa dos preços de energia em países menos desenvolvidos. O Brasil vem se recuperando em 2020 e 2021, e a OCDE também espera um baixo crescimento em 2023. E essa diminuição da economia é conectada com toda essa situação”, citou, mencionando que algumas das reformas previstas para o País sofreram atrasos.
De qualquer forma, para a representante da OCDE, o anúncio do início do acesso – na semana passada a entidade aprovou o roadmap do Brasil – sinaliza uma forte política para os investidores do Brasil. “Isso mostra que o Brasil quer se tornar da comunidade e que quer participar das melhores práticas”, disse. Ela enfatizou que a América Latina precisa atrair mais investimentos, mas também mostrar os benefícios e o impacto na sociedade nessa acessão.
Ana ressaltou, porém, que a entrada desses investimentos em um país não é automática, assim que ele passa a fazer parte da entidade. A OCDE, que tem sede em Paris, reúne cerca de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial e 75% do comércio internacional. “Boas práticas podem vir de diferentes lugares, não apenas dos países desenvolvidos. O Brasil quer se tornar um país melhor e o que está faltando é um pouquinho mais, mas vocês já fizeram uma boa parte do trabalho”, avaliou.
Ela fez estas análises durante o painel “A Entrada do Brasil na OCDE e os Impactos para os Investidores”, realizado dentro do Fórum de Investimentos Brasil 2022, promovido pela Apex Brasil.