A Gazprom anunciou na terça-feira, 14, que estava cortando em 40% os fluxos de gás para a Alemanha através do gasoduto submarino. Um dia depois anunciou um novo corte que eleva a redução geral para cerca de 60%.
Em ambos os casos, a estatal russa citou um problema técnico, alegando que sanções canadenses motivadas pela guerra na Ucrânia impediram a parceira alemã Siemens Energy de entregar equipamentos que haviam sido enviados para revisão. O governo alemão rejeitou esse raciocínio, dizendo que a manutenção não deveria ter sido um problema até o outono, e a decisão russa foi uma jogada política para semear incerteza e elevar os preços.
O presidente russo, Vladimir Putin, “está fazendo o que se temia desde o início: está reduzindo o volume de gás, não de uma só vez, mas passo a passo”, disse o vice-chanceler alemão em um vídeo postado no Twitter. Ele apontou para os movimentos russos anteriores para cortar suprimentos para a Bulgária, Dinamarca e outros países.
A redução nos fluxos de gás ocorre no momento em que a Alemanha e o resto da Europa tentam reduzir sua dependência das importações de energia da Rússia. A Alemanha, que tem a maior economia da Europa, obtém aproximadamente 35% de gás russo para alimentar a indústria e gerar eletricidade.
A notícia das reduções fez com que os preços do gás natural de curto prazo subissem acentuadamente na Europa. Os preços à vista para o mês seguinte saltaram 13% nesta quinta-feira, para 139,10 euros por quilowatt-hora (kWh), acumulando um avanço de 40% desde segunda-feira.
Habeck, que também é ministro da Economia, já havia lançado uma campanha na semana passada para que as pessoas economizem energia. Após os anúncios da Gazprom, ele martelou a mensagem no vídeo de quarta-feira à noite.
“O gás está chegando à Europa – não temos problemas de abastecimento, mas os volumes devem ser adquiridos no mercado e ficará mais caro”, disse Habeck. Ele afirmou que o governo está preparado e observou que promulgou uma legislação exigindo que o armazenamento de gás seja preenchido.
Habeck elogiou a disposição dos alemães e das empresas de economizar energia e armazenar gás.
“Agora é a hora de fazê-lo”, disse ele. “Cada quilowatt-hora ajuda nessa situação. É uma situação séria, mas não uma situação que ponha em risco a segurança do abastecimento na Alemanha”.