O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, acrescentou que, além do aumento das incertezas, houve choques de maior relevância que influenciam no longo prazo, por isso a decisão de incluir 2024 no comunicado.
“2024 vai entrar no horizonte relevante em agosto, como usualmente”, completou Campos Neto.
Medidas para fazer frente à alta dos combustíveis
O presidente do Banco Central disse ainda que o BC precisa ainda entender o detalhamento das medidas que serão adotadas pelo governo para fazer frente à alta dos combustíveis para, então, estimar o impacto e a reação da autoridade monetária.
Campos Neto disse que o comunicado da última reunião do Copom incluiu “por transparência” algumas ações que estavam sendo tomadas nesse sentido, mas que é necessário esperar o governo e o Legislativo concluírem o que será feito para saber o real impacto nos preços. “O Banco Central não faz política fiscal, nem previsão nem comenta medidas. É importante esperar que medidas fiscais sejam concluídas para ver ajustes que temos que fazer”, afirmou.
Ele ressaltou que, na comunicação sobre a decisão do Copom, o BC esclareceu que, com o conjunto de medidas, há expectativa de redução de inflação no ano corrente, mas pressão de alta no seguinte.
Diogo Guillen, por sua vez, acrescentou que, no questionário pré-Copom, algumas instituições financeiras incorporavam risco de inflação maior em 2023 por conta das medidas sobre combustíveis.
Campos Neto disse que as dúvidas expressadas pelo Banco Central sobre os impactos da política fiscal são relacionadas ao longo prazo. “Enfatizamos que, no curto prazo, os números fiscais seguem melhores”, afirmou, em entrevista coletiva nesta quinta-feira.
De acordo com o presidente da autoridade monetária, mesmo com a elaboração de medidas para fazer frente à alta de combustíveis, não houve mudanças suficientes no lado fiscal para que o balanço de riscos observado pelo BC fique “assimétrico”. “Não entendemos que houve mudança relevante no fiscal para mudar assimetria”, afirmou.
Guillen, acrescentou que o balanço sugere que “você tem riscos maiores na conjuntura atual”.