Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista:
Como o sr. vê o cenário para o restante de 2022?
O ano de 2021 foi muito focado em crescimento, porque tínhamos a visão de que esse é um negócio de escala. Saímos de 3,7 milhões de clientes para 10 milhões. Isso nos permitiu estar no pelotão da frente. Entrei no Next em março de 2021, e falava que precisávamos ter um crescimento sustentável. Hoje, o foco é muito mais em monetizar. Esse monetizar tem um aspecto financeiro, para termos um negócio saudável e sustentável.
E qual é o foco atual?
Temos investimentos, conta corrente, seguros, um marketplace, uma plataforma de promoções e experiência (para o usuário). Não dá para falar que vamos pegar um só produto e que isso vai nos fazer atingir os nossos objetivos. Este ano é bastante importante, de transformação, e vamos aumentar a nossa base de produtos. Tem muita coisa que estamos vendo em seguros, e uma frente muito relevante é PJ (pessoa jurídica).
Como o sr. vê a chegada de concorrentes estrangeiras?
Com muita naturalidade. Há cinco anos, o mercado financeiro era muito bem descrito por cinco grandes bancos. Hoje, só em instituições que estão habilitadas no Pix, estamos falando de mais de 700. Pela mudança de legislação e de tecnologias, a barreira de entrada deixou de existir, ou passou a existir de outra forma. Vai ter espaço para cinco, dez grandes players digitais. Está sE criando um pelotão da frente, e o Next está, na minha opinião, neste pelotão.
O Next visa a quais públicos?
Não é muito diferente dos demais bancos digitais. É um público que tende a ser mais jovem, principalmente se comparado a um banco incumbente, e de mais baixa renda.
Vai haver mais cautela no crédito?
Até julho do ano passado, o Next não tinha uma política de crédito própria, era uma política do Bradesco adaptada. Nossa primeira política começou em julho de 2021, e já estamos na quinta versão. O que fizemos foi estabelecer uma dinâmica digital, testamos no menor tempo possível. Com isso, conseguimos crescer a nossa carteira, em relação a antes de julho, em quase quatro vezes. Durante muito tempo, vimos uma queda na inadimplência, porque, com um modelo focado no público do Next, conseguimos aumentar a concessão para o melhor tomador. Mas, nessas últimas semanas, estamos de olho se essa tendência vai virar.
A princípio, o cenário continua o mesmo?
Estamos fazendo um monitoramento semanal da nossa carteira. É uma cabeça muito digital, não temos medo de fazer ajustes se forem necessários.
O Bradesco tem bebido da fonte do Next?
Hoje, a abertura digital das contas do Bradesco tem muito do que foi aprendido no Next. No caso da carteira de crédito, sem dúvida, é uma via de duas mãos. Temos uma dinâmica muito boa com o pessoal do crédito do Bradesco, e eles acompanham algumas das nossas iniciativas. Eu não tenho dúvida de que isso vai fomentar, e tem fomentado, uma série de mudanças na forma de conceder crédito do Bradesco.
Depois da Aarin, há outras aquisições no radar?
Temos. Fizemos dois movimentos. O primeiro foi essencialmente a compra da carteira de clientes pessoa física do BS2. Eu e o Marcos (Magalhães), CEO deles, nos conhecíamos, foi um papo muito fácil. Como eles estavam querendo sair desse negócio e para nós fazia sentido, foi um ganha-ganha. Nesse negócio da Aarin, eles vão dar uma série de soluções quando tivermos a oferta de pessoa jurídica. Mas também estamos olhando outras frentes e novos mercados.
Mercados novos significa internacionalização?
A internacionalização seria interessante, é algo que sempre faz coçar a cabeça. O próprio Octavio (de Lazari Junior, presidente do Bradesco) já mencionou. Não é tão difícil replicar esse modelo. Faz muito sentido, mas temos uma oportunidade tão grande aqui no Brasil que, apesar de estar sempre no radar, por enquanto resolvemos não apertar o botão.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.