“Como em muitos países, o governo cortou impostos sobre energia e agora pressiona por um pacote de gastos emergenciais”, diz o IIF, notando que esse último ponto “é mais um desvio no teto de gastos do Brasil”. Os cortes de impostos e novos gastos devem representar até 1,2% do PIB, algo “não negligenciável para um país em uma posição fiscal fraca”, avalia o IIF. O impacto líquido, porém, deve ser “significativamente menor”, com a receita mais forte que o previsto até então. “Todo relaxamento é temporário, em teoria, o que deve fazer com que ele seja gerenciável”, diz. Ainda assim, ele prevê uma “estrada acidentada à frente”, em parte pois o relaxamento “não é um sinal de forte compromisso com uma estrutura fiscal exigente”.
Para o IIF, o cenário mais provável é que o atual presidente, Jair Bolsonaro, ou seu principal rival, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, decida mudar o teto de gastos de novo, como parte do orçamento para 2023. O IIF lembra que já via isso como “inevitável”, mas comenta que, contanto que os gastos continuem a declinar, “mesmo que lentamente”, o quadro tende a seguir sob controle. “Dito isso, no curto prazo vemos margem para o ‘ruído fiscal’ deixar os mercados mais nervosos”, avalia.
Nesse contexto, o IIF acredita que a situação fiscal do Brasil seguirá “frágil” durante anos. Além disso, diz haver chance elevada de um ajuste fiscal “lento” no País.