A busca por esse consenso, no entanto, foi dificultada pelo aprofundamento das divisões entre Oriente e Ocidente, impulsionado por China e Rússia, de um lado, e Estados Unidos e Europa, do outro. Desde a invasão russa à Ucrânia, a reunião de ontem foi a primeira vez que negociadores como o secretário de Estado norte americano, Antony Blinken, e o ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, estiveram na mesma sala ao mesmo tempo.
A reunião foi aberta apenas algumas horas após o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciar sua renúncia, e estava em andamento quando o ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe foi baleado. Os participantes expressaram seu choque em relação ao ataque a tiros, que ocorreu durante a realização da primeira de duas sessões plenárias sobre a importância de restaurar a confiança no multilateralismo e defender a ordem baseada em regras.
Ministra das Relações Exteriores da Indonésia, Retno Marsudi encorajou o grupo a superar a desconfiança pelo bem de um planeta que enfrenta desafios como o coronavírus, mudanças climáticas e a invasão à Ucrânia. Referindo-se à guerra, Marsudi afirmou: “Os efeitos cascata estão sendo sentidos globalmente na alimentação, na energia e no espaço físico”. Ela também especificou que os países pobres e em desenvolvimento agora enfrentam o peso do combustível e da escassez de grãos como impacto do conflito.
Em seu discurso, ela marcou a responsabilidade do G-20 em lidar com a guerra a fim de garantir a relevância e permanência da ordem global. “Honestamente, não podemos negar que se tornou mais difícil para o mundo sentar juntos”, disse Marsudi. “O mundo está nos assistindo, então não podemos falhar”, acrescentou.
De fato, embora eles se sentassem ao redor da mesma mesa de abertura, nem Lavrov nem Blinken mostraram qualquer interesse um pelo outro, nem tinham planos de se encontrar. “Você sabe, não fomos nós que abandonamos todos os contatos”, disse Lavrov a repórteres após a primeira sessão. “Foram os Estados Unidos. Isso é tudo o que posso dizer.”