O Ibovespa reduziu o ritmo de alta e passou a testar queda nesta terça-feira, 26, após dados informado pela manhã nos Estados Unidos, com resultados divergentes. Contudo, ainda defende o nível dos 100 mil pontos, com ajuda principalmente das ações da Petrobras, que avançam quase 1,50%, na esteira do petróleo e diante da notícia de que a empresa deve anunciar, na quinta-feira, 28, junto com a divulgação do balanço do segundo trimestre, a antecipação do pagamento dos dividendos aos acionistas, incluindo a União. Já as da Vale migraram para o negativo, apesar da elevação do minério de ferro na China.
“Os mercados estão com menor liquidez. Sobem, mas é um rali de pouca convicção”, avalia Edmar Oliveira, da One Investimentos. Segundo ele, o mercado está à espera do Fed, que decide juros nesta quarta-feira (27). “Não acredito que uma alta de 0,75 ponto porcentual esteja dado como certa. Chama a atenção o alerta do Walmart, a gigante varejista dos EUA cortou projeções trimestrais e anuais de lucro”, afirma. Na segunda-feira, o Ibovespa fechou com alta de 1,36%, aos 100.269,85 pontos.
Nem mesmo o alívio na inflação medida pelo IPCA-15 de julho, para 0,13% (de 0,69% em junho e ante mediana de 0,16%) anima o Ibovespa. Em tese, a desaceleração serviria para elevar expectativas de inicio de queda dos juros. No entanto, Marcelo Boragini, especialista em renda variável da Davos Investimentos, pondera que ainda é cedo para esperar recuo da Selic.
Isso porque, explica Boragini, a redução de ICMS e tarifas federais sobre itens como energia e gasolina expira no fim do ano. Com isso, as estimativas já apontam para aceleração da inflação em 2023. “Então, ainda não dá para começar a se pensar em corte da Selic. O ‘cheiro’ (sinal) do Copom é a de que vai esperar mais dados para se cogitar corte. O mercado já tem certeza do efeito rebote das medidas de alívio do ICMS e isso que traz esse desconforto, de uma Selic indo a 13,75%, e já há quem estime em torno de 14%”, diz.
Na outra ponta, a cautela retratada externamente reflete a espera da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), na quarta.
Na avaliação do economista e consultor financeiro Álvaro Bandeira, seria importante o Ibovespa manter a marca dos 100 mil pontos a fim de mirar novamente nos 103 mil, 104 mil pontos. “Mas o dia e a semana serão definidos pela safra de resultados de importantes empresas aqui e lá fora, decisão do Fed, sob possibilidade de elevar juros, mas já fraca alta de 0,75 por conta da desaceleração da economia nos Estados Unidos”, avalia em comentário matinal a clientes e à imprensa.
Após o fechamento da B3, saem os resultados do segundo trimestre da Telefonica (Vivo), Carrefour e Neoenergia. Nos Estados Unidos, saem os números da Alphabet e Microsoft. Já saíram os dados do McDonald’s, GM, ADM, UBS e 3M, entre outros. Além disso, Walmart cortou suas projeções trimestrais e anuais de lucro.
A valorização do minério de ferro para setembro em Dalian de 5,57% deve beneficiar as ações ligadas ao setor na B3, bem como a alta de quase 2% nas cotações do petróleo lá fora.
Às 11h20, o Ibovespa cedia 0,16%, aos 100.106,23 pontos, após subir 0,48%, na máxima diária, aos 100.753,40 pontos. Na mínima, caiu 0,21%, aos 100.055,81 pontos.