O Ibovespa ficou bem perto nesta sexta-feira, 29, de recuperar a linha de 104 mil pontos no intradia, atingindo o melhor nível desde 13 de junho (105.478,15), nas asas do forte desempenho de Petrobras (ON +6,42%, PN +5,76%), na ponta do índice desde cedo, após os fortes resultados trimestrais e a distribuição recorde de dividendos, anunciados na noite anterior. Por outro lado, alguma frustração com o balanço da Vale (ON -1,33%), também divulgado na noite de ontem, impediu que o Ibovespa fosse mais adiante na sessão, em que os ganhos em Nova York chegaram a 1,88% (Nasdaq).
Ainda assim, a referência da B3 encerrou o dia em alta de 0,55%, aos 103.164,69 pontos, no maior nível de encerramento desde 10 de junho (105.481,23). Hoje, oscilou entre mínima de 102.514,25 e máxima de 103.989,47, saindo de abertura aos 102.596,66 pontos. O giro financeiro foi a R$ 31,7 bilhões nesta sessão de fechamento de mês, bem acima do que tem sido observado recentemente.
Na semana, o Ibovespa avançou 4,29% e, no mês, 4,69%: foi o maior ganho semanal desde o intervalo entre 1º e 5 de março de 2021 (4,70%) e, no mês, a recuperação vista em julho, após o mergulho de 11,50% em junho, foi o melhor desempenho desde março, quando o Ibovespa havia avançado 6,06%. Na semana passada, o Ibovespa já tinha subido 2,46%.
Na ponta do índice nesta sexta-feira, além de Petrobras, destaque também para 3R Petroleum (+6,88%) e Braskem (+5,04%), assim como para Hypera (+5,19%). O diretor financeiro e de relacionamento com investidores da Petrobras, Rodrigo Araujo Alves, disse hoje que a companhia mantém o plano de venda de sua participação na empresa petroquímica. “Continuamos comprometidos com o plano de desinvestimento e no momento não consideramos ter o controle da Braskem ou nenhuma transação que aumente a nossa participação (na Braskem). Não acreditamos ser o melhor (para a Petrobras), embora existam boas perspectivas para o segmento petroquímico à frente”, disse.
No lado oposto do índice na sessão, Americanas ON (-7,22%), Magazine Luiza (-5,15%) e Usiminas (-4,76%).
“Entendemos que a Petrobras obteve ótimos resultados neste segundo trimestre, apresentando crescimento acima de 20% em todas as linhas (receita, EBITDA, lucro líquido) e em todas as comparações (anual e trimestral)”, observa João Daronco, analista da Suno Research. “O lucro (de R$ 54 bilhões) permitiu que a Petrobras anunciasse pagamento de dividendo recorde, de R$ 88 bilhões, ou R$ 6,73 por ação – em duas parcelas, uma no fim de setembro e outra no fim de agosto. Isso representa um yield de cerca de 20% só nesse pagamento”, acrescenta o analista, que viu pontos positivos também no balanço da Vale.
“Embora o resultado da Vale tenha ficado bem abaixo daquele registrado no ano passado, já era amplamente esperado. Ainda assim, acreditamos que a companhia divulgou fortes resultados, superando, inclusive, as expectativas. Quando fizemos a comparação anual, o principal detrator dos resultados foi, sem sombra de dúvida, o preço do minério, que caiu vertiginosamente”, aponta Daronco.
Em outro desdobramento do dia, o Bradesco BBI considera possível um retorno de 27%, em dólar, para o Ibovespa, com pontuação nominal estimada para o índice a 130 mil no fechamento do ano. “As ações brasileiras continuam a embutir alto risco, precificando elevada probabilidade de iminente desorganização macroeconômica, mas contendo uma assimetria material em viés positivo”, aponta relatório do banco, antecipando “gatilhos importantes” para os próximos meses.
Na moeda americana, o Ibovespa fechou o mês de julho a 19.937,90 pontos, com recuo de 1,16% para o dólar ante o real no mês – após avanço de 10,15% para o dólar ante o real em junho -, vindo o índice da B3 dos 18.824,39 pontos, na moeda americana, no fechamento do mês passado. De lá para cá, a Bolsa se manteve bem amassada, retrocedendo a níveis não vistos desde o começo de novembro de 2020, chegando em meados deste julho a mínimas a 95 mil pontos, no intradia, e a 96 mil, em fechamento.
O Bradesco BBI, além de reiterar o Ibovespa a 130 mil pontos no fim do ano, estima o MSCI Brazil a 1.835 pontos no mesmo período. “O MSCI Brazil está em níveis extremamente estressados, comparáveis apenas a momentos muito críticos, como o do racionamento de energia em 2001, a eleição de 2002 e a crise financeira global de 2008”, observa o texto assinado pelos analistas André Carvalho e Fernando Cardoso.