Em relação ao 1º trimestre deste ano, os dados também indicam melhora no que diz respeito ao Consumo Aparente Nacional (CAN), com alta de 4,0%, e ao volume de importações, que cresceu 25,4%. Por outro lado, o índice de produção apresentou recuo entre abril e junho deste ano, tanto em relação a igual período do ano passado (-3,36%), quanto em relação ao 1º trimestre deste ano (-9,19%).
De acordo com os dados preliminares dos indicadores Abiquim-Fipe, que medem o comportamento dos produtos químicos de uso industrial, no mês de junho de 2022 em comparação ao mês anterior, o índice de vendas internas caiu 1,06% e as importações recuaram 10,9%, o que se refletiu em um CAN 6,1% menor. Já a produção, apresentou elevação de 4,50%, com destaque para o desempenho das exportações, que cresceram 2,2%.
Como reflexo, o nível de utilização da capacidade instalada ficou em apenas 64% em junho de 2022, mesmo porcentual de maio. Em relação aos preços praticados no mercado doméstico, houve alta nominal de 0,04% em junho, após ter apresentado elevação de 2,06% em maio de 2022, seguindo o comportamento dos preços dos produtos químicos no mercado internacional.
Segundo Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e Estatística da Abiquim, a economia mundial está sofrendo com a alta dos preços e a escassez de recursos energéticos, com consequente impacto na inflação, nos juros e na logística, sobretudo causados pelo conflito entre Rússia e Ucrânia.
“A indústria química, que tem sua base de produção ancorada em matérias-primas como nafta e gás natural sofre com esse cenário adverso. No Brasil, cerca de 70% da nafta consumida localmente e metade do gás demandado vem sendo supridos por importações”, diz Fátima.
Ela complementa ainda que os preços do gás no Brasil antes da guerra custavam o dobro do americano e o triplo do europeu, mas, atualmente esses valores estão sendo pressionados pela forte alta na cotação do GNL no mercado internacional, que teve a referência multiplicada por quatro nos primeiros seis meses deste ano e sem perspectivas de arrefecimento no curto prazo, bem como a alta do petróleo.
No que refere aos últimos 12 meses, até junho de 2022, o índice de quantum da produção acumulou elevação de 1,15% e o de vendas internas caiu 5,26%, ambos sobre o período de 12 meses imediatamente anterior, assim como o volume de importações que recuou de 2,5%. Destaque para as exportações, que cresceram 10,0% na média dos últimos 12 meses, até junho de 2022. No que se refere à demanda doméstica, a variável teve alta de 1,5%.
A diretora da Abiquim faz um parêntese para destacar os dados divulgados nesta semana pelo Banco Central, no relatório Focus, que mostram que a perspectiva para o PIB é de alta de 1,93% para todo o ano de 2022. Apesar do patamar baixo, esse resultado melhorou em relação às perspectivas de quatro semanas atrás, em que as projeções apontavam alta de 1,50%.
Ela explica que a demanda do segmento está diretamente atrelada ao desempenho do produto interno bruto, em especial em razão da essencialidade dos produtos químicos e do uso nas mais diferentes cadeias de produção, com elasticidade que varia entre 1.3 e 1.5 vezes o crescimento do PIB.
“Após alcançar a fatia recorde de 47% do mercado doméstico no final de 2021, a participação das importações sobre a demanda caiu para 44% na média dos últimos 12 meses, até junho de 2022. Com a alta dos preços no mercado internacional, o déficit na balança comercial de produtos químicos alcançou novo recorde, de US$ 57,35 bilhões nos últimos 12 meses, até junho de 2022, resultado US$ 11 bilhões maior do que o do déficit de 2021, que havia sido de US$ 46,25 bilhões em 2021”, detalha.