No Brasil, com a curva bem ajustada para um aumento da Selic de 0,50 ponto porcentual no Copom da quarta-feira, a grande expectativa do investidor é saber se o Banco Central terá encerrado mesmo o ciclo e se o comunicado continuará dando pistas sobre os próximos passos da política monetária.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 13,815% (máxima), de 13,791% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2024 caiu de 13,341% para 13,26%. A do DI para janeiro de 2025 fechou em 12,56% (de 12,679%) e a do DI para janeiro de 2027 encerrou em 12,48%, de 12,61%.
As taxas percorreram toda a sessão com sinal negativo, que chegou a ficar pontualmente mais fraco à tarde, com o aumento da cautela no exterior, mas na reta final da sessão regular voltou a ganhar ritmo.
A piora do câmbio no meio do dia acabou não assustando porque não conseguiu levar a moeda além dos R$ 5,20 e, de todo modo, foi compensada pelo aprofundamento das perdas do petróleo, sendo ambas duas variáveis importantes para as expectativas de inflação.
O operador de renda fixa da Nova Futura Investimentos André Alírio disse que, essencialmente, o mercado hoje deu sequência à correção de exageros nas apostas para a postura do Federal Reserve, após a sinalização da autoridade monetária de que pode haver moderação no ritmo do aperto e de que o juro já estaria próximo do nível neutro. “O mercado vem nos últimos dias reprecificando e realocando risco. É claro que esse ajuste tem um limite até porque as preocupações com a recessão e com a inflação seguem elevadas”, comentou.
O ambiente externo teve mais poder de influência na curva dos contratos intermediários em diante, com a dinâmica da ponta curta sendo limitada pelo compasso de espera pelo Copom. É consenso de que a Selic esta semana será elevada para 13,75%, e a grande questão que divide o mercado é quanto ao fim do ciclo. Alírio não espera um comunicado tão claro sobre “o que vai acontecer depois” de agosto, como o Copom tem nas últimas reuniões ao indicar, ainda que não explicitamente, quais são suas intenções. “O cenário central ainda é de inflação pressionada”, argumenta o operador.
No curtíssimo prazo, até há alívio importante e as expectativas de deflação em julho começam a ser confirmadas pelos indicadores. Hoje a FGV informou que o IPC-S de julho teve variação negativa de 1,19%, um tombo ante a alta de 0,67% em julho. Do mesmo modo, o mercado espera um IPCA em deflação para o mês, mas sabe-se que os preços estão artificialmente em baixa.
“O arrefecimento inflacionário visto no período não é gerado pela política monetária contracionista, mas por mudanças legislativas ou por movimentos internacionais. Essa ‘colaboração’ internacional obviamente é positiva, mas não combate os problemas inflacionários com raízes domésticas que deveriam apresentar resultados melhores neste momento”, destaca a equipe da CM Capital, em sua Carta Mensal.