Vindo de quatro sessões positivas que sucederam leve ajuste negativo pós-sete ganhos – dito de outra forma, nada menos de 11 ganhos em 12 sessões, de 2 a 17 de agosto -, o Ibovespa chegou a ensaiar pausa ou discreta realização nesta quinta-feira. Mas, nos ombros de Petrobras (ON +1,32%, PN +2,01%), encontrou fôlego para fechar em leve alta de 0,09%, aos 113.812,87 pontos, com giro financeiro a R$ 28,9 bilhões na véspera de vencimento de opções sobre ações.
Nesta quinta, a referência da B3 oscilou entre mínima de 113.303,90 e máxima de 114.375,45 pontos, saindo de abertura aos 113.707,76. No mês, o Ibovespa acumula ganho de 10,32% e, no ano, de 8,58%. Na semana, o avanço está em 0,93%.
Acentuando ganhos em direção ao fechamento, Petrobras foi decisiva para que o Ibovespa alcançasse o quinto ganho seguido, em dia de variação negativa para Vale (ON -0,75%), de perdas até 2,77% para a siderurgia (CSN ON) e de falta de sinal único para os grandes bancos (Bradesco PN +0,61%, Unit do Santander +1,06%, BB ON -2,31%).
Nesta quinta-feira, as perdas em ações de construtoras (MRV -4,17%) e de empresas de serviços e consumo, como CVC (-3,84%), Petz (-3,31%) e Americanas (-4,28%), além de Yduqs (-5,28%) e Méliuz (-3,03%), todas com exposição à economia doméstica, impuseram-se ao índice, segurando a ponta negativa do Ibovespa. No lado oposto, destaque para Natura (+5,31%), 3R Petroleum (+4,43%) e Hapvida (+4,34%).
“Se olhar o ‘book’, nos contratos mini (futuros), há muitas ordens de venda colocadas ali na região dos 116, 116,5 mil pontos, uma região que deve ser uma resistência importante para o Ibovespa. O momento começa a ser de proteção de carteira, com o Ibovespa vindo de uma longa série de 24, 25 sessões, com poucas perdas, quatro ou cinco apenas”, diz Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest. “Com o início formal da campanha eleitoral, a volatilidade deve aumentar com as declarações dos candidatos. A conversa tende a ser muito mais sobre benefícios do que responsabilidade fiscal. É já o que se vê em declarações de Lula sobre o uso dos bancos públicos em linha auxiliar à política social e o Bolsonaro, hoje, com promessa sobre aumento para o funcionalismo em 2023”, acrescenta.
Assim, Banco do Brasil ON (-2,31%) esteve na ponta perdedora entre as grandes instituições financeiras, aparando parte dos lucros na ação deflagrados na semana passada pelo entusiasmo em torno do balanço trimestral do banco, que trouxe fortes resultados.
“Há fluxo e considerando o noticiário doméstico, muito de positivo já foi para o preço dos ativos. Mas do exterior ainda pode vir algo, especialmente sobre os juros americanos caso se confirme a expectativa de alta menor, de 50 pontos-base, para a taxa de juros de referência (na próxima reunião do Fed, em setembro)”, observa Farto.
“Estamos a 45 dias das eleições e isso terá mais interferência, relevância para o nosso mercado daqui para frente. Depois de vários dias de recuperação no Ibovespa, enxergamos também uma abertura na curva de juros futuros, principalmente no trecho intermediário, para 5 anos, com vencimento em janeiro de 2027, que afeta em particular os índices de consumo e imobiliário, muito dependentes da curva”, diz Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos.
“O mercado aqui já trabalhou em volatilidade hoje, desde cedo, considerando também o comportamento dos futuros, antes mesmo da abertura. No início da tarde, as quedas mais fortes estavam no índice imobiliário, e as menores nos índices industrial e de consumo, este ajudado pelo desempenho de Ambev (+2,89% no fechamento)”, acrescenta Madruga, destacando também, pelo lado positivo, a recuperação em torno de 3% para o barril do Brent na sessão, o que contribuiu para o desempenho das ações de Petrobras, que deram bom suporte ao Ibovespa ao longo desta quinta-feira mesmo nos momentos negativos para o índice.