Segundo o Nubank, o saldo na conta corrente passará a render 100% do CDI apenas a partir do 30.º dia de aplicação, de forma retroativa, mas sem ganhos antes desse período. Ou seja, se o cliente tem R$ 1,3 mil na conta no início do mês, mas chega ao final dele com saldo de R$ 50, o rendimento pago será apenas sobre o valor remanescente, e não mais sobre o total em conta a cada dia. O anúncio foi feito junto com uma reformulação da interface do APP.
Ao longo dos anos, o Nubank criou novos negócios e recursos para fidelizar os clientes. Com a escassez de capital de risco no mundo, devido à alta na taxa de juros, as fintechs e empresas financeiras que prometem crescimento exponencial aos investidores precisaram reduzir o ritmo de crescimento e rever estratégias, dando nova oportunidade aos bancos tradicionais.
O PicPay, por exemplo, já ofereceu rendimento de 210% do CDI, ou seja, mais de duas vezes o que rende uma aplicação no Tesouro Direto ancorado na taxa Selic. Hoje, depois de um salto da Selic dos 2%, para 13,25% ao ano, a rentabilidade oferecida, com liquidez, é de 102%. O rendimento diário passou a ter cobrança de IOF no primeiro mês de aplicação – e dinheiro agora é alocado em um Certificado de Depósito Bancário (CDB), título de renda fixa privada, que conta com proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
Mudanças
Segundo a educadora financeira Lai Santiago, as mudanças nas taxas e prazos de rentabilidade de investimentos com liquidez são corriqueiras, mas chamam a atenção agora porque os brasileiros estão mais atentos.
No caso do Nubank, a especialista diz que o intervalo para a rentabilidade do saldo pode ser uma forma de estimular o brasileiro a manter o dinheiro investido por mais tempo.
“Não vale a pena ficar sempre buscando as melhores remunerações. As contas digitais continuam a valer a pena, mesmo no caso do Nubank. Buscar a melhor rentabilidade faz o consumidor ficar pulando de galho em galho e os custos de imposto e IOF do primeiro mês podem acabar anulando os rendimentos da aplicação”, diz Lai Santiago.
Para Thalles Franco, sócio do fundo de investimentos RPS Capital, a mudança no rendimento oferecido aos usuários é um dos reflexos da pressão por rentabilidade que startups e instituições financeiras novas recebem dos investidores. Com a redução da oferta de capital de risco, algumas empresas podem ficar pelo caminho e aquisições por gigantes do mercado podem ocorrer logo, afetando todo o setor.
“Devemos ver uma consolidação das fintechs nos próximos anos, porque algumas terão dificuldade de sobreviver. As empresas grandes devem comprar as pequenas, mas também podemos ver grandes fusões”, afirma.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.