O único resultado mais alto foi em 2014. No ano em que Dilma Rousseff (PT) foi reeleita, a Bolsa teve o melhor resultado nessa janela de dois meses desde 2002, alta de 15,27%, de acordo com dados compilados pela Clear Corretora. Em 2018, quando Jair Bolsonaro venceu nas urnas eletrônicas, a Bolsa subiu 5,38% entre julho e agosto.
Considerados os dados acumulados para cada ano – sempre para o período de janeiro a agosto -, o resultado de 2014 também se destaca: naquele ano, o Ibovespa teve alta de 18,96% nos primeiros oito meses. Neste ano, a alta foi mais discreta, de 4,48%. Em 2018, o índice ficou no zero a zero.
Para William Eid, diretor do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV), não há um padrão de movimentos na Bolsa brasileira em anos eleitorais. “A volatilidade da Bolsa depende muito da incerteza que a eleição traz. Se os dois (candidatos à frente nas pesquisas) tiverem o mesmo programa, a mesma expectativa do mercado, não há mudança. Se houver um na frente que o mercado considere aceitável, a oscilação é menor”, diz.
VOLATILIDADE
Outra forma de observar o comportamento dos investidores na renda variável é de acordo com a variação dos investimentos. Esse movimento de oscilação dos ativos, para cima e para baixo, é chamado de volatilidade – e pode mexer com as emoções dos investidores. Entre janeiro e agosto de 2022, a volatilidade da Bolsa brasileira igualou a de 2014. A variação, em valores corrigidos pela inflação, foi de 19% em ambos períodos.
De acordo com dados da Economatica/TC, a volatilidade mais forte dos últimos 20 anos da Bolsa no período pré-eleitoral até agosto foi em 2002, quando atingiu 32% (enquanto a queda do Ibovespa no período foi de 6,78%). Exceto por 1994, a oscilação tende a ser mais forte no fim do ano, de setembro a dezembro, após o resultado das urnas. Em 1998, por exemplo, a variação foi de 83%.
Para o investidor pessoa física, a oscilação da renda variável pode gerar ansiedade por ganhos no curto prazo, ao tentar antever picos e vales dos preços das ações. No entanto, a recomendação dos analistas é ter paciência para obter retorno dos investimentos.
HISTÓRICO
Em 2002, a taxa Selic vinha de uma trajetória de redução, de 19% para 18% ao ano. Em agosto daquele ano, a meta da inflação já tinha sido abandonada. O clima era de cautela entre investidores, que realizavam lucros, e o mercado aguardava uma alta do tucano José Serra nas pesquisas eleitorais contra Luiz Inácio Lula da Silva, do PT – que sairia vencedor do pleito, contrariando, à época, os desejos de uma parte considerável de investidores da Bolsa. No ano, o Ibovespa amargava queda de 23,53%.
Para Samuel Pessôa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (FGV) e da Julius Baer Family Office (JBFO), em 2002 o País lidava com o problema de não ter reserva em dólares, o que gerava um ciclo de desvalorização do real e aumento da dívida do governo, uma questão resolvida durante os governos de Lula. A trajetória do presidente petista ajudou a construir uma boa reputação em relação ao risco fiscal do País, mas isso se deteriorou com o tempo, especialmente a partir do fim de 2013.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.