Fundada em 2000, a Sem Parar atuou sozinha no segmento por 11 anos, até que a agência reguladora paulista Artesp obrigou as concessionárias a assinar contrato com todas as empresas que homologava. Nascia o conceito de OSA – Operadora de Serviços de Arrecadação. Assim, em 2011, foi fundada a ConectCar, que posteriormente teve o controle adquirido pelo Itaú Unibanco.
“Enxergávamos a ConectCar como uma unidade de negócio dentro do banco. Depois, percebemos que o cliente teria acesso a vários produtos e serviços que podem ser pagos pelo carro”, diz o diretor do Itaú Rodnei Bernardino de Souza, acrescentando que a tag gera fluxo financeiro ao banco. “Toda vez que colocamos uma tag, há um pagamento recorrente no cartão (de crédito) ou na conta corrente.”
A ConectCar tem hoje quase 2 milhões de clientes, 800 mil deles da tag do Itaú. O produto é equivalente ao plano completo da ConectCar, que originalmente custa R$ 17,90 por mês. Para clientes do banco, não há cobrança de mensalidade, mas eles precisam recarregar a tag para aproveitar o benefício.
O diretor de negócios e operações da ConectCar, Newton Ferrer, conta que há mais de 1.200 estacionamentos na plataforma, além de 75 rodovias com pedágios. “No Estado de São Paulo, 70% dos veículos que passam em pedágios têm alguma tag. O cliente de uso ocasional, que não quer pagar mensalidade, pode contar com o serviço gratuitamente. O potencial do mercado é grande”, diz o executivo, referindo-se à tag do Itaú.
Impulso
Fundada por ex-executivos da ConectCar, a Greenpass teve o controle adquirido em fevereiro pela francesa Edenred. Carlo Andrey, cofundador da tag, prevê que o mercado saia dos atuais 8 milhões de usuários para 24 milhões em três anos. “Devemos ter cerca de 2,4 milhões de tags até lá”, diz. Assim como seus concorrentes, a empresa aposta no impulso pelo chamado free flow, sistema previsto nas novas concessões em que há cobrança automática, sem necessidade de praça de pedágio.
Em 2018, o Bradesco e o Banco do Brasil criaram a Veloe, que afirma ter 15% do mercado, atrás apenas da Sem Parar. A Veloe mira a expansão das linhas de negócio e a liderança do setor. “A tag é efêmera, há uma série de soluções de mobilidade urbana para sermos relevantes, independentemente da competição”, afirma o diretor-geral da empresa, André Turquetto.
O executivo diz que, por ter dois bancos como sócios, a Veloe pode oferecer serviços relacionados às demandas financeiras do automóvel. Ele explica que a Veloe oferece serviços tanto via white label quanto com a própria marca. Entre os clientes, estão bancos como C6 e BTG, além dos controladores.
Neste cenário de maior concorrência, a líder de mercado Sem Parar afirmou em agosto ao Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que busca a diversificação. “Sabíamos desde o início que só o pedágio não iria funcionar, por isso passamos a oferecer outros serviços”, disse o vice-presidente comercial, Bartolomeu Correa.
O executivo citou como exemplo o aplicativo da marca, que oferece serviços como o parcelamento de tributos através de parcerias. A empresa também fechou um acordo com a seguradora HDI, uma das maiores do País em automóveis, para permitir que seus clientes façam a cotação de seguros de forma digital. Em troca, os clientes da HDI terão melhores condições na compra da tag.
Cade
A disputa por mercado não ocorre apenas no campo operacional. A Sem Parar foi ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra a Veloe e a ConectCar, alegando que as ofertas dos bancos, com tags gratuitas ou subsidiadas, são anticompetitivas.
Turquetto, da Veloe, diz que é natural que a rival busque proteger sua posição de mercado, mas ameniza as alegações. Segundo ele, o maior potencial de crescimento está no público que não utiliza tags, estimado em metade da frota do País.
O Itaú informou, em nota, que segue a legislação e que tem compromisso com a concorrência. “O banco informa, ainda, que apresentará sua defesa junto ao Cade, na qual demonstrará que as condutas apontadas no processo são improcedentes”, disse a instituição.
A Sem Parar afirmou que “os processos seguem em análise pelo órgão competente e a empresa continua à disposição para esclarecimentos”.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.