Nesta quarta-feira desde cedo na contramão da cautela externa, o Ibovespa estendeu a série positiva pelo quarto dia ao fechar em alta de 0,83%, a 117.197,82 pontos, tendo chegado na máxima da sessão a 117.514,25 (+1,10%), conservando-se nos maiores níveis desde a primeira quinzena de abril – na terça, no intradia, havia conseguido chegar aos 118.280,11 pontos. Com giro a R$ 32,8 bilhões nesta quarta-feira, a referência da B3 oscilou, na mínima da sessão, para 115.906,33, saindo de abertura a 116.230,86 pontos. Na semana e no mês, sobe 6,51%, com ganhos no ano a 11,81%.
No exterior, a aversão a risco pautou os mercados desde cedo, amplificada pela redução da oferta de petróleo anunciada pela Opep+, o que contribui, por um lado, para impulso adicional à recuperação dos preços do petróleo e, por outro, reforça os temores quanto à inflação global em meio ao ajuste das taxas de juros nas maiores economias, ainda em curso. Assim, Petrobras ON (+3,54%) e PN (+3,76%) foram destaques de alta na B3, entre as maiores ganhadoras do dia, ao lado de 3R Petroleum (+3,49%) e de PetroRio (+3,20%).
Na ponta do índice no fechamento, destaque também para Locaweb (+3,76%), Méliuz (+3,25%) e CSN (+2,95%). A sessão na B3 também foi favorecida pelo desempenho de Vale (ON +1,54%) e da maior parte dos grandes bancos, à exceção de Itaú PN (estável no fechamento), com BB ON (+1,61%) e Bradesco ON (+1,56%) à frente. No lado oposto, entre as perdedoras do dia, destaque para Dexco (-3,83%), Telefônica Brasil (-2,55%), JBS (-2,46%) e CPFL Energia (-2,39%).
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) confirmou, hoje, corte da produção de petróleo em 2 milhões de barris por dia (bpd) a partir de novembro – o maior corte desde abril de 2020, quando a pandemia começou. Após o anúncio, a Casa Branca informou que o presidente dos EUA, Joe Biden, ficou “desapontado” com a decisão. Segundo o comunicado americano, o corte terá impacto principalmente em países de baixa e média renda, que já estão lidando com o aumento dos preços de energia, causado principalmente pela guerra na Ucrânia.
Em resposta, o Departamento de Energia dos Estados Unidos pretende liberar mais 10 milhões de barris da reserva estratégica em novembro, segundo o comunicado oficial da Casa Branca. De acordo com o governo americano, o objetivo da medida é proteger os consumidores e promover a segurança energética.
Com a inflação global ainda em foco, no exterior, os ativos de risco já haviam iniciado o dia em “tom predominantemente negativo, com baixas nas bolsas, dólar mais forte e juros em alta”, aponta em nota a Guide Investimentos. “Após dois dias de recuperação, o ambiente macro desafiador parece voltar a pesar sobre o sentimento, com investidores exercendo maior cautela frente à manutenção de postura dura nos principais bancos centrais”, acrescenta a casa.
“Nos mercados desenvolvidos, a volatilidade permanecerá enquanto não percebermos uma queda ou ancoragem das expectativas de inflação tanto nos Estados Unidos quanto na Europa”, observa Pedro Tiezzi, analista da SVN Investimentos. “O Brasil consegue se descolar do resto do mundo por pouco tempo. Caso seja algo mais persistente, acaba impactando aqui também. Esse é o principal risco, nem tanto eleição, mas especialmente o cenário econômico de fora do País”, resume Rodrigo Knudsen, gestor da Empiricus Investimentos.
No cenário doméstico, destaque pela manhã para a divulgação da produção industrial de agosto, em retração de 0,6%, na margem, praticamente em linha com o consenso de mercado – ante o mesmo mês do ano passado, houve alta de 2,8%. “A abertura da produção industrial de agosto dá espaço para mais otimismo que o headline. Numerosos setores se recuperaram do mau desempenho de julho e a dispersão do crescimento melhorou bastante”, observa em nota a Terra Investimentos.