Para ele, o risco de subir os juros menos que o necessário “é mais sério” do que o de exagerar no aperto monetário, já que não lidar se certificar de que a inflação está controlada pode criar um período longo de elevação desenfreada nos preços, como ocorreu nos EUA na década de 1970. No momento, ainda não há sinais suficientes de que o núcleo inflacionário recua no país, alertou Kashkari.
“Meu melhor ‘chute’ agora é de que poderemos parar de subir os juros em algum momento do ano que vem”, previu, embora o banqueiro central faça questão de lembrar que sua projeção depende da evolução da inflação e como ela vai responder à ação do Fed nos próximos meses. Segundo Kashkari, a economia demora cerca de um ano para digerir todo o impacto do aperto monetário recente.
Apesar dos desafios em vista, Kashkari se mantém otimista quanto à chance de orquestrar um “pouso suave” da economia, ainda que o “período de transição” atual se pareça com uma estagflação. Tal quadro – de queda do PIB e inflação elevada – não deve se sustentar por muito tempo, avalia.
Pico inflacionário
O dirigente do Fed afirmou que “é possível” que a inflação como um todo já tenha atingido seu pico nos EUA. Ele insistiu, no entanto, que os componentes do núcleo da inflação ainda não mostraram sinais suficientes para deixá-lo confiante de que estão em queda sustentada.
Os preços de energia, que por serem voláteis não fazem parte do núcleo da inflação, estão recuando e puxando os índices inflacionários, segundo Kashkari. Mas a persistência dos preços do núcleo o preocupam, o que sinaliza por mais aperto monetário do Fed, como tem sinalizado o BC.
Ainda há a pressão do mercado de trabalho americano, que não dá muitas evidências de relaxamento, ainda que tenha desacelerado um pouco nos últimos meses, de acordo com o dirigente. No distrito de Minneapolis, a conversa com empresários ainda está centrada em dificuldades para ocupar vagas de trabalho, disse Kashkari. Segundo ele, o seu distrito é bastante diverso em termos empresariais e sociais e, desta forma, serve como bom espelho para a economia dos EUA como um todo.
No geral, o cenário econômico do país mostra “sinais mistos”, com mudanças em hábitos de consumidores, queda do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre e mercado de trabalho forte, avaliou.
Kashkari reforçou que o Fed trabalha “duro” para conseguir conter a inflação sem provocar uma recessão e aumento excessivo do desemprego, cenário chamado de “pouso suave” da economia.