Notícias

Notícias

Dirigente do Fed descarta moderar aperto monetário antes de núcleo desacelerar

Por
Estadão Conteúdos

Presidente da distrital de Minneapolis do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Neel Kashkari disse que não será possível pausar a alta de juros nos EUA antes que o núcleo da inflação no país não parar de subir. “Como paramos de subir juros antes que isso (alta do núcleo da inflação) pare? Não acho que devemos subir juros até que inflação volte a 2%, mas ficaria mais confortável” de moderar o aperto monetário quando os itens Menos voláteis da inflação começaram a desacelerar, disse o dirigente, em evento do instituto Travelers nesta quarta-feira.

Para ele, o risco de subir os juros menos que o necessário “é mais sério” do que o de exagerar no aperto monetário, já que não lidar se certificar de que a inflação está controlada pode criar um período longo de elevação desenfreada nos preços, como ocorreu nos EUA na década de 1970. No momento, ainda não há sinais suficientes de que o núcleo inflacionário recua no país, alertou Kashkari.

“Meu melhor ‘chute’ agora é de que poderemos parar de subir os juros em algum momento do ano que vem”, previu, embora o banqueiro central faça questão de lembrar que sua projeção depende da evolução da inflação e como ela vai responder à ação do Fed nos próximos meses. Segundo Kashkari, a economia demora cerca de um ano para digerir todo o impacto do aperto monetário recente.

Apesar dos desafios em vista, Kashkari se mantém otimista quanto à chance de orquestrar um “pouso suave” da economia, ainda que o “período de transição” atual se pareça com uma estagflação. Tal quadro – de queda do PIB e inflação elevada – não deve se sustentar por muito tempo, avalia.

Pico inflacionário

O dirigente do Fed afirmou que “é possível” que a inflação como um todo já tenha atingido seu pico nos EUA. Ele insistiu, no entanto, que os componentes do núcleo da inflação ainda não mostraram sinais suficientes para deixá-lo confiante de que estão em queda sustentada.

Os preços de energia, que por serem voláteis não fazem parte do núcleo da inflação, estão recuando e puxando os índices inflacionários, segundo Kashkari. Mas a persistência dos preços do núcleo o preocupam, o que sinaliza por mais aperto monetário do Fed, como tem sinalizado o BC.

Ainda há a pressão do mercado de trabalho americano, que não dá muitas evidências de relaxamento, ainda que tenha desacelerado um pouco nos últimos meses, de acordo com o dirigente. No distrito de Minneapolis, a conversa com empresários ainda está centrada em dificuldades para ocupar vagas de trabalho, disse Kashkari. Segundo ele, o seu distrito é bastante diverso em termos empresariais e sociais e, desta forma, serve como bom espelho para a economia dos EUA como um todo.

No geral, o cenário econômico do país mostra “sinais mistos”, com mudanças em hábitos de consumidores, queda do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre e mercado de trabalho forte, avaliou.

Kashkari reforçou que o Fed trabalha “duro” para conseguir conter a inflação sem provocar uma recessão e aumento excessivo do desemprego, cenário chamado de “pouso suave” da economia.