O pagamento em duas parcelas – já que outros R$ 24 bilhões serão devolvidos apenas em 2023 – foi antecipado pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) na semana passada. As falas do ministro ocorreram durante evento da Fucape Business School, em Vitória (ES).
Durante o evento, Guedes voltou a criticar o teto de gastos e dizer que seria importante recuperar a capacidade de investimento do setor público, apesar de uma “mudança do modelo” em direção o investimento privado feita pelo governo.
Guedes afirmou que a ideia do teto é impedir o inchaço do Estado, algo que já teria sido feito pelo governo. Ele acrescentou que não podia dizer que a regra era mal construída antes, devido ao seu valor como uma filosofia de austeridade.
O ministro voltou a defender medidas como a venda de ações da carteira do BNDES. Segundo Guedes, os recursos resultantes desse processo poderiam ser divididos entre a redução da dívida pública (50%), erradicação da pobreza (25%) e investimentos (25%).
Orçamento secreto
Guedes disse também que o orçamento secreto invade o espaço do governo. “E aí a bomba veio para mim, porque eles pegam a grana e falam assim: ‘o ministro da Economia corta merenda escolar'”, criticou.
Ele repetiu que o orçamento secreto foi uma criação do então presidente da Câmara Rodrigo Maia (PSDB-RJ), à época em que ele comandava a casa. O ministro disse ainda que “o pau come” em Brasília, mas avaliou tratar-se de um sistema que se “autocorrige”.
Disse ainda que o orçamento secreto tem um custo próximo de R$ 15 bilhões por ano, inferior ao déficit das estatais durante os governos anteriores.
O ministro ainda defendeu que o governo Jair Bolsonaro “age dentro das quatro linhas” e afirmou que o presidente é alvo de “boladas nas costas”.
Entre os exemplos, ele mencionou o “radiolão”, nome usado por apoiadores do presidente para se referir à acusação de que rádios do Norte e Nordeste não teriam veiculado a propaganda bolsonarista.
Durante a fala, Guedes disse ainda que uma reforma tributária terá de ampliar os recursos para municípios. Ele defendeu ainda que o ensino superior seja transferido para a alçada do Ministério da Ciência e Tecnologia, e não mais fique na pasta da Educação, para aproximar os cursos das empresas.